Introdução
O campo da interpretação bíblica sofreu grandes mudanças durante o século XX, devido às obras de Karl Barth e Rudolf Bultmann e também de outros autores, essas mudanças assinalaram uma reação ao método histórico-crítico que floresceu no século XIX. O surgimento da chamada Nova Crítica deslocou a atenção para o entendimento de que os textos literários tem significado em si mesmos, independentes da intenção original do autor.
Além disso, a ênfase no papel do leitor tem um forte elemento de subjetividade no trabalho de interpretação. Não devemos identificar o significado do texto total e exclusivamente como o autor pretendeu comunicar, é um erro dispensar o conceito da intenção autorial ou mesmo relegá-lo a uma posição secundária.
I. Bultmann e a questão objetividade/preconceitos
na interpretação.
Rudolf Bultmann (1884 – 1976), Bultmann tinha uma grande
preocupação com a questão da relevância do cristianismo. Ele sempre acreditou
que a objetividade (adequadamente compreendida) é a meta do exegeta. O tipo de
objetividade neutra que os estudiosos antigos haviam almejado não existe. Sua ênfase era que todos nós trazemos uma
cosmovisão ao texto e que suprimir tal cosmovisão está fora de questão. Pode-se
argumentar que um compromisso cristão genuíno deve ser compatível com a fé
daqueles que a revelação chegou até nós.
II. O método histórico-crítico.
Muitos estudiosos da Bíblia, inclusive importantes
eruditos, tem rejeitado esse método com base no fato de que ele é inconcebível
com o caráter divino da Escritura. O rótulo histórico - crítico não é usado por
todos exatamente com o mesmo sentido. Os estudiosos que rejeitam o método –
normalmente chamados de conservadores ou evangélicos – certamente não fazem
objeção a uma leitura histórica da Bíblia. Interpretar a Bíblia historicamente
significava que continha contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não
era totalmente confiável tornou-se um dos princípios operacionais do “método
histórico - crítico”.
III. A autonomia do texto.
Apenas um pouco de reflexão nos permite compreender que
determinar o sentido do texto não é uma tarefa simples. Esse texto, por assim
dizer, tem uma vida própria. Está sujeito de ser compreendido de maneiras
diferentes daquela intencionada pelo autor. Um dos elementos mais controvertido
dessa ênfase moderna na autonomia do texto tem sido a tendência de minimizar as
referências extraliterárias, especialmente históricas, das obras
literárias. A ênfase na autonomia do
texto significa que o texto é separado não somente do seu autor, mas também da
realidade extralinguística à qual o texto aparentemente se refere.
IV. O papel do autor.
Dada a natureza finita de todo interprete humano, nenhuma
explicação irá justificar os dados exaustivamente. Alguns pensadores irão
argumentar que, no caso da interpretação literária, nós precisamos ir além. No
entanto, para os proponentes da “teoria da resposta do leitor” – pelo menos em
suas formas mais extremas – não existe um texto objetivo. Sem dúvida, as atuais
ênfases no papel do leitor cobrem uma grande variedade de abordagens. Quer
gostemos ou não, os leitores podem criar – e com frequência criam –
significados extraídos dos textos que leem.
V.
Intenção autoral.
Indubitavelmente, existe certa legitimidade em afirmar
que o sentido de um texto não pode ser identificado com a intenção do autor de
um modo exclusivo e absoluto. Em suma, a minha própria posição, tanto por razões
literárias quanto teológicas, é que o sentido da passagem bíblica não precisa
estar identificado totalmente com a intenção do autor. Quaisquer que sejam as
características literárias e artísticas que venhamos a encontrar na Escritura,
o seu propósito principal é comunicar uma mensagem inteligível que requer uma
resposta.
Conclusão.
As teorias contemporâneas de sentido e de interpretação
não somente podem causar perplexidade; elas também podem gerar uma angustia
pessoal com relação à incerteza da experiência humana. De fato, a habilidade de
homens e mulheres falarem parece estar intimamente relacionada com o fato de
terem sido criados à imagem de Deus, que fez o mundo ao pronunciar a palavra de
ordem: “haja...” A realidade e a eficácia da comunicação humana é um reflexo do
próprio falar de Deus.
Bibliografia
WALTER, C. Kaiser E SILVA, Moisés, Na Introduction to
Biblical Hermeneutics: The Search for Meaning (Grand Rapids: Zondervan, 1994),
PP.228-248.
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