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quinta-feira, novembro 19, 2015

VISÃO HISTÓRICA DO TRABALHO

A concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o "suor do seu rosto". A Eva coube também o "trabalho" do parto.
A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliare, do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta.
Na Antiguidade grega, todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representa a essência fundamental de todo ser racional. Para Platão, por exemplo, a finalidade dos homens livres é justamente a "contemplação das ideias".
Também na Roma escravagista o trabalho era desvalorizado. É significativo o fato de a palavra negocium indicar a negação do ócio: ao enfatizar o trabalho como "ausência de lazer", distingue-se o ócio como prerrogativa dos homens livres.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu pensamento, calcada na visão grega, tende a valorizar a atividade contemplativa. Muitos textos medievais consideram a ars mechanica (arte mecânica) uma ars inferior.
Tanto na Antiguidade como na Idade Média, essa atitude resulta na impossibilidade de a ciência se desligar da filosofia.
Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos dos antigos servos que compravam sua liberdade e dedicavam-se ao comércio, e que, portanto tinham outra concepção a respeito do trabalho.
A burguesia nascente procura novos mercados e há necessidade de estimular as navegações; no século XV os grandes empreendimentos marítimos culminam com a descoberta do novo caminho para as Índias e das terras do Novo Mundo. A preocupação de dominar o tempo e o espaço faz com que sejam aprimorados os relógios e a bússola.
Com o aperfeiçoamento da tinta e do papel e a descoberta dos tipos móveis, Gutenberg inventa a imprensa.
No século XVII, Pascal inventa a primeira máquina de calcular; Torricelli constrói o barômetro; aparece o tear mecânico.
Galileu, ao valorizar a técnica, inaugura o método das ciências da natureza, fazendo nascer duas novas ciências, a física e a astronomia.
A máquina exerce tal fascínio sobre a mentalidade do homem moderno que Descartes explica o comportamento dos animais como se fossem máquinas, e vale-se do mecanismo do relógio para explicar o modelo característico do universo (Deus seria o grande relojoeiro!).

*Ócio
Descanso do trabalho; folga, repouso.
Tempo que se passa desocupado; vagar, quietação, lazer, ociosidade.
Falta de trabalho; desocupação, inação, ociosidade.
Preguiça, indolência, moleza, mandriice, ociosidade.
Trabalho mental ou ocupação suave, agradável

sábado, novembro 07, 2015

ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA NA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Introdução
O campo da interpretação bíblica sofreu grandes mudanças durante o século XX, devido às obras de Karl Barth e Rudolf Bultmann e também de outros autores, essas mudanças assinalaram uma reação ao método histórico-crítico que floresceu no século XIX. O surgimento da chamada Nova Crítica deslocou a atenção para o entendimento de que os textos literários tem significado em si mesmos, independentes da intenção original do autor.
Além disso, a ênfase no papel do leitor tem um forte elemento de subjetividade no trabalho de interpretação. Não devemos identificar o significado do texto total e exclusivamente como o autor pretendeu comunicar, é um erro dispensar o conceito da intenção autorial ou mesmo relegá-lo a uma posição secundária.
I. Bultmann e a questão objetividade/preconceitos na interpretação.
Rudolf Bultmann (1884 – 1976), Bultmann tinha uma grande preocupação com a questão da relevância do cristianismo. Ele sempre acreditou que a objetividade (adequadamente compreendida) é a meta do exegeta. O tipo de objetividade neutra que os estudiosos antigos haviam almejado não existe.  Sua ênfase era que todos nós trazemos uma cosmovisão ao texto e que suprimir tal cosmovisão está fora de questão. Pode-se argumentar que um compromisso cristão genuíno deve ser compatível com a fé daqueles que a revelação chegou até nós.
II. O método histórico-crítico.
Muitos estudiosos da Bíblia, inclusive importantes eruditos, tem rejeitado esse método com base no fato de que ele é inconcebível com o caráter divino da Escritura. O rótulo histórico - crítico não é usado por todos exatamente com o mesmo sentido. Os estudiosos que rejeitam o método – normalmente chamados de conservadores ou evangélicos – certamente não fazem objeção a uma leitura histórica da Bíblia. Interpretar a Bíblia historicamente significava que continha contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável tornou-se um dos princípios operacionais do “método histórico - crítico”.
III. A autonomia do texto.
Apenas um pouco de reflexão nos permite compreender que determinar o sentido do texto não é uma tarefa simples. Esse texto, por assim dizer, tem uma vida própria. Está sujeito de ser compreendido de maneiras diferentes daquela intencionada pelo autor. Um dos elementos mais controvertido dessa ênfase moderna na autonomia do texto tem sido a tendência de minimizar as referências extraliterárias, especialmente históricas, das obras literárias.  A ênfase na autonomia do texto significa que o texto é separado não somente do seu autor, mas também da realidade extralinguística à qual o texto aparentemente se refere.
IV. O papel do autor.
Dada a natureza finita de todo interprete humano, nenhuma explicação irá justificar os dados exaustivamente. Alguns pensadores irão argumentar que, no caso da interpretação literária, nós precisamos ir além. No entanto, para os proponentes da “teoria da resposta do leitor” – pelo menos em suas formas mais extremas – não existe um texto objetivo. Sem dúvida, as atuais ênfases no papel do leitor cobrem uma grande variedade de abordagens. Quer gostemos ou não, os leitores podem criar – e com frequência criam – significados extraídos dos textos que leem.
V. Intenção autoral.
Indubitavelmente, existe certa legitimidade em afirmar que o sentido de um texto não pode ser identificado com a intenção do autor de um modo exclusivo e absoluto. Em suma, a minha própria posição, tanto por razões literárias quanto teológicas, é que o sentido da passagem bíblica não precisa estar identificado totalmente com a intenção do autor. Quaisquer que sejam as características literárias e artísticas que venhamos a encontrar na Escritura, o seu propósito principal é comunicar uma mensagem inteligível que requer uma resposta.
Conclusão.
As teorias contemporâneas de sentido e de interpretação não somente podem causar perplexidade; elas também podem gerar uma angustia pessoal com relação à incerteza da experiência humana. De fato, a habilidade de homens e mulheres falarem parece estar intimamente relacionada com o fato de terem sido criados à imagem de Deus, que fez o mundo ao pronunciar a palavra de ordem: “haja...” A realidade e a eficácia da comunicação humana é um reflexo do próprio falar de Deus.
Bibliografia

WALTER, C. Kaiser E SILVA, Moisés, Na Introduction to Biblical Hermeneutics: The Search for Meaning (Grand Rapids: Zondervan, 1994), PP.228-248.

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