EM BUSCA DE UMA FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ PARA ENSINAR COM SABEDORIA
A filosofia da
educação cristã lida com questões relacionadas a projetar uma estratégia
educacional coesa baseado em pressupostos cristãos que efetivamente ajudam as
pessoas dentro de um determinado contexto cultural a se tornarem mais parecidas
com Jesus Cristo. Embora a tendência na educação cristã parece ser ou de
fazer do jeito que sempre foi feito, ou fazê-lo de qualquer maneira que
funcione, estas duas opções não podem ser sábias. A disciplina de filosofia
pode acrescentar sabedoria para a prática da educação cristã. A palavra
"filosofia" significa "amor à sabedoria." Paulo, resumindo,
em seu propósito de vida, afirma o seu compromisso de educar com sabedoria na
seguinte passagem: "a quem anunciamos, admoestando a todo homem
e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem
perfeito em Jesus Cristo" (Colossenses 1:28).
A fim de ensinar
com sabedoria, os educadores cristãos devem basear seus métodos em bem pensados
pressupostos filosóficos.
Filosofia não é nem opcional nem acadêmico. Pelo contrário, ela é
natural e essencial para a educação cristã. Um fato importante, muitas vezes
nos escapa como educadores: Todo mundo tem uma filosofia de educação. Se estivermos
conscientes de sua presença, a filosofia é a companheira sempre presente do
educador. Filosofia fornece os pressupostos e fundamentos da teoria, política e
prática educacional. Quando os professores são convidados a explicar o
"por que" de uma determinada ação ou método de ensino usado na sala
de aula, eles começam a acessar o centro filosófico do seu paradigma
educacional.
Madalena Molochenco assinala a necessidade de uma
fundamentação teórica: “A maneira como
desenvolvemos a educação cristã hoje traz consigo uma teoria de aprendizagem
implícita. Entretanto, ela não nos tem sido apresentada como teoria, mas sim
como modo de fazer. Como educadores, o que sempre fazemos é executar e ensinar
outros a executarem. Lemos bons manuais que contem informações preciosas. Fomos
ensinados apenas a executar, sem pensar muito no por que. Na verdade, não
sabemos identificar quais são os princípios da aprendizagem que estão presentes
no modelo apresentado". Molochenco sinaliza com os fundamentos
teóricos de Piaget “Os autores em
geral concordam que a teoria de Piaget é uma das bases do ideal da construção
do conhecimento... (p.53). Os
fundamentos de Piaget trazem aos educadores cristãos muitas contribuições na
área da psicologia educacional e do estudo da construção do conhecimento..
(p.59)”
Olga Nogueira, outra educadora
cristã, critica essa maneira de fazer educação cristã do jeito que sempre
foi feita: "o trabalho
educativo da igreja ou de alguma área, provoca uma grande ansiedade que faz com
que alguns educadores se tornem pragmáticos. Só se considera válido o
conhecimento que se possa colocar em prática e de preferência, imediatamente”.
Olga também sinaliza para uma fundamentação teórica: "Na década de noventa a discussão girou em
torno de mudança de paradigmas, pós-modernidade, globalização, etc”. O mundo
estava mudando rapidamente e a igreja precisava estar preparada para se
posicionar frente aos novos desafios. Nenhum manual poderia responder a
complexidade da igreja no século XXI e muitos desses educadores formados se
sentiram despreparados. A maioria não aprendeu a pesquisar, refletir e elaborar
projetos para responder a realidade local.
Neste tempo de muitas mudanças, o currículo
se tornou um grande desafio para muitas igrejas que decidiram selecionar a própria
literatura. Hoje muitos pastores e educadores reconhecem que para elaborar o
currículo, é preciso identificar as bases da educação que temos e em que bases
queremos construir outro tipo de educação. “Em outras palavras, pensar
currículo implica em conhecer filosofia de educação, as tendências pedagógicas
e como elas se manifestam na prática educativa".
Julio Zabatiero, semelhantemente,
endossa o coro e escrevendo sobre a busca de uma pedagogia de educação ele
comenta: "O educador cristão
precisa de uma boa pedagogia como instrumental teórico de seu
ministério. A análise das atividades educacionais na igreja, em geral,
demonstra que utilizamos uma pedagogia antiquada, incapaz de atingir os
objetivos da educação cristã, basicamente uma cópia do tradicional modelo
pedagógico escolar brasileiro que privilegia o intelecto e o teórico em
detrimento do existencial e do concreto. É, ainda, uma pedagogia individualista
e alienante, pois não capacita o aluno a viver comunitariamente nem a entender
plenamente sua realidade para poder transformá-la. Nessa pedagogia, ensino e
aprendizado são instâncias em separado – como se só o professor ensinasse e só
o aluno aprendesse. A fim de superarmos essa tendência, é necessária uma nova
concepção pedagógica".
Zabatiero apresenta
as ideias de Paulo Freire como propostas para renovação de nossa
prática educacional.
Assim, a filosofia é eminentemente influente para a nossa tarefa
educativa, mas a maior parte permanece despercebida ou não reconhecida. Quanto
mais nós, como educadores estejamos conscientes de nossa filosofia de educação,
melhor equipados estaremos para projetar, desenvolver uma educação sólida de
acordo com uma filosofia que seja coerente com a fé cristã.
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