Definir pregação partindo de um referencial
pode parecer um trabalho concluído, mas tenho que concordar que a explicação
abre-nos o ar para o entendimento, como foi citado como “a melhor definição de
pregação por Phillips Brooks”, por essa razão procurei citá-la como referência.
“A
melhor definição de pregação foi dada por Phillips Brooks: “Pregação é a
comunicação da verdade, do homem para os homens. “Ela contém dois elementos
essenciais – verdade e personalidade”.1
“Esta definição revela muito com respeito à grandiosidade quase incompreensível
da responsabilidade do pregador” Toda “comunicação” tem como objetivo sugerir
que a pregação esteja envolvida com a transmissão de determinado assunto da
mente do remetente para o recipiente. A “verdade”, definida por Brooks,
implica, ou seja, para ele a pregação deve ter consistência por se tratar da
Palavra de Deus. Tudo que for acrescido aos “oráculos de Deus”, não pode ser
considerada como uma verdadeira pregação. A grande responsabilidade conferida
ao pregador que tem por obrigação em comunicar a mensagem da Palavra de Deus e
não a sua North (2000, p.12).
Sabemos que Deus ao delegar autoridade para o
pregador, segundo a frase de Brooks “de homem para homens”, faz-nos entender
que Deus está focalizando a sua participação no ser humano como pregador. Deus
queria e quer que o homem participe acrescentando algo à sua mensagem. Isto não
significa que vá mudar o significado ou objetivo da mensagem, mas o pregador
estaria acrescentando o poder da sua experiência, e também colocando sua
personalidade e o seu testemunho de vida North (2000, p.12).
O pregador precisa-se conscientizar que
jamais deverá mudar, ou seja, distorcer ou modificar a mensagem da Palavra de
Deus. Seu foco deve ser sempre o Senhor Jesus Cristo, e não trazer os holofotes
sobe si, não ocupar o tempo mais consigo do que com a Palavra. Seu objetivo é
conduzir os seus ouvintes aclarando-lhes o caminho do céu. Embora seu
testemunho pessoal possa passar de coração para coração, no entanto, o que vai
transformar as vidas e a pregação da Palavra de Deus North (2000, p.13).
Existe também um grande aliado do mensageiro
que realmente deseja ser um pregador idôneo e abençoado por Deus, essa pode ser
uma das propostas que a homilética tem como auxiliar o pregador, na transmissão
da Palavra de Deus. Como definimos pregação também pode ser definida a homilética.
Segundo comentário de North (2000, p.13) “podemos,
portanto, definir homilética como a ciência de aplicar os princípios do
discurso público eficaz na pregação religiosa; é a arte de aplicar a verdade de
Deus às necessidades do homem”.
A homilética é considerada
como uma “ciência”, sua base está alicerçada em princípios que ao longo dos
anos tem sido observado pelos pregadores, e a sua contribuição que repercutiu
em grandes honras para os grandes oradores do passado e continua através dos
séculos no mesmo propósito, como uma ferramenta auxiliadora e de grande valia
para quem lança mãos de seus recursos. Também podemos considerar que na
pregação há muito que participar da sua condição de “arte”. “O pregador precisa
usar sua imaginação poética e precisa para fazer usos contidos na arte, tais
como equilíbrio, ênfase, forma, unidade e clímax” North (2000, p.13,14).
A
partir do momento que todo pregador seja consciente do seu chamado para ser o
transmissor da Palavra de Deus. Nesse propósito a Igreja será bem mais sucedida
no seu caminhar, num mundo tão conflituoso, onde os mais espertos e
oportunistas usufruem dos meios para sustentar sua ganância e com isso o
rebanho de Cristo prossegue alguns feridos, outros tristes e muitos enganados.
a) A Cruz como base de humildade da
pregação
A cruz pode ser comparada
como a base da humildade da pregação da Palavra, devido ao fato de ser ela o
poder de Deus para crucificar o orgulho tanto do pregador, como da congregação.
“No Novo Testamento a cruz não é somente o antigo local, onde ocorreu a
substituição objetiva; é também um lugar atual de execução subjetiva – a
execução de minha autoconfiança e meu romance com o elogio de homens”. Paulo via na cruz a sua virtude de humildade.
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a
não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está
crucificado para mim e eu, para o mundo”. (Gl. 6: 14) Piper (2009, p. 32).
“O ponto mais forte no qual Paulo faz questão
de enfatizar o poder crucificador da cruz é aquela da sua própria pregação”.
Piper disse: “Duvido que haja uma passagem sobre pregação mais importante em
toda Bíblia do que os primeiros capítulos de I Coríntios, onde Paulo mostra que
o grande obstáculo para os alvos da pregação em Corinto era o orgulho”. As
pessoas estão fascinadas com a “habilidade de oratória, façanha intelectual e
exposições filosóficas”. Nos tempos de Paulo havia os mestres prediletos de
cada crente de Corinto e se gloriavam deles dizendo: “Eu sou de Paulo!”, Eu sou
de Apolo!“. “ Eu sou de Cefas!” Piper (2009, p. 32).
O alvo
de Paulo nestes capítulos é declarado em 1: 29: “para que ninguém se vanglorie
diante dele”, e em 1: 31: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. Em outras
palavras, Paulo não deseja negar-nos a grande satisfação que vem do exultar em
glória e do deleitar-se em grandeza. Fomos feitos para ter este prazer. Mas ele
não quer deixar de reconhecer a glória devida a Deus e a grandeza que se volta
em eco a ele, quando as pessoas se gloriam no Senhor e não no homem. Satisfaça
seu desejo de se gloriar, gloriando-se no Senhor. Os alvos de Paulo são os
alvos de pregação cristã – a glória de Deus no homem de coração contente, a
exultação dos cristãos voltada para Deus. Contudo, o orgulho nos impede. Para
removê-lo, Paulo fala a respeito dos efeitos da cruz em sua própria pregação.
Seu ponto principal é que a “palavra da cruz” (1: 18) é o poder de Deus para
quebrar o orgulho do homem – tanto do pregador quanto do ouvinte – nos leva a
uma dependência prazerosa da misericórdia de Deus e não de nós mesmos. (PIPER
2009, P. 32, 33).
Piper
(2009, p. 33) comenta: deixa-me dar-lhes apenas alguns exemplos disto vindos do
texto: “pois Cristo não me enviou para
batizar, mas para pregar o evangelho, não com palavras de sabedoria humana,
para que a cruz de Cristo não seja esvaziada”. (I Co. 1: 17). A cruz se
esvaziaria se Paulo tivesse vindo com palavras de oratória florida e com
expressões profundas de sabedoria filosófica? Seria esvaziada, devido à
possibilidade de Paulo estivesse cultivando aquela jactância no homem que a
cruz deveria crucificar.
Piper pretende dizer que a
cruz de Cristo é a base para toda humildade da pregação. Considere o mesmo
ponto em 2:1: “Quanto a mim, irmãos, quando
estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para
lhes proclamar o mistério de Deus”.
“Em outras palavras, o apóstolo evitou a ostentação da oratória e do
intelecto”. “Por quê? Qual era a base para esta conduta na pregação? O verso
seguinte nos diz claramente”: “Pois
decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado”
Piper (2009, p. 33, 34).
A
cruz sustenta a glória de Deus na pregação, pois ela faz com que seja abatido o
orgulho do homem no pregador. “É, portanto, o fundamento de nossa doutrina e o
fundamento de nosso comportamento” Piper (2009, p. 34).
Há muito tempo que não ouço uma pregação
cristocêntrica, cujo foco esteja voltado para cruz de Cristo, como instrumento
de suplício, e também como instrumento de quebrantamento para o pregador
consciente do seu chamado, para anunciar as boas novas de salvação. As
pregações sem Cristo, não têm a cruz como base de humildade da pregação, por
motivo de a cruz não despertar euforia entre o povo, que não sabe filtrar as
emoções baratas de um pregador distante de Cristo, e da verdadeira unção do
Espírito Santo. Na pregação da cruz, encontramos um grande motivo de bênção
para toda humanidade, pois foi através dela que o mundo encontrou descanso nas
suas pisaduras, e alívio nele para seus pecados e para suas dores.
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