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segunda-feira, junho 15, 2015

DEFINIÇÃO DE PREGAÇÃO


Definir pregação partindo de um referencial pode parecer um trabalho concluído, mas tenho que concordar que a explicação abre-nos o ar para o entendimento, como foi citado como “a melhor definição de pregação por Phillips Brooks”, por essa razão procurei citá-la como referência.
 “A melhor definição de pregação foi dada por Phillips Brooks: “Pregação é a comunicação da verdade, do homem para os homens. “Ela contém dois elementos essenciais – verdade e personalidade”.1 “Esta definição revela muito com respeito à grandiosidade quase incompreensível da responsabilidade do pregador” Toda “comunicação” tem como objetivo sugerir que a pregação esteja envolvida com a transmissão de determinado assunto da mente do remetente para o recipiente. A “verdade”, definida por Brooks, implica, ou seja, para ele a pregação deve ter consistência por se tratar da Palavra de Deus. Tudo que for acrescido aos “oráculos de Deus”, não pode ser considerada como uma verdadeira pregação. A grande responsabilidade conferida ao pregador que tem por obrigação em comunicar a mensagem da Palavra de Deus e não a sua North (2000, p.12).
Sabemos que Deus ao delegar autoridade para o pregador, segundo a frase de Brooks “de homem para homens”, faz-nos entender que Deus está focalizando a sua participação no ser humano como pregador. Deus queria e quer que o homem participe acrescentando algo à sua mensagem. Isto não significa que vá mudar o significado ou objetivo da mensagem, mas o pregador estaria acrescentando o poder da sua experiência, e também colocando sua personalidade e o seu testemunho de vida North (2000, p.12).
O pregador precisa-se conscientizar que jamais deverá mudar, ou seja, distorcer ou modificar a mensagem da Palavra de Deus. Seu foco deve ser sempre o Senhor Jesus Cristo, e não trazer os holofotes sobe si, não ocupar o tempo mais consigo do que com a Palavra. Seu objetivo é conduzir os seus ouvintes aclarando-lhes o caminho do céu. Embora seu testemunho pessoal possa passar de coração para coração, no entanto, o que vai transformar as vidas e a pregação da Palavra de Deus North (2000, p.13).
Existe também um grande aliado do mensageiro que realmente deseja ser um pregador idôneo e abençoado por Deus, essa pode ser uma das propostas que a homilética tem como auxiliar o pregador, na transmissão da Palavra de Deus. Como definimos pregação também pode ser definida a homilética.  
Segundo comentário de North (2000, p.13) “podemos, portanto, definir homilética como a ciência de aplicar os princípios do discurso público eficaz na pregação religiosa; é a arte de aplicar a verdade de Deus às necessidades do homem”.                                                                                
A homilética é considerada como uma “ciência”, sua base está alicerçada em princípios que ao longo dos anos tem sido observado pelos pregadores, e a sua contribuição que repercutiu em grandes honras para os grandes oradores do passado e continua através dos séculos no mesmo propósito, como uma ferramenta auxiliadora e de grande valia para quem lança mãos de seus recursos. Também podemos considerar que na pregação há muito que participar da sua condição de “arte”. “O pregador precisa usar sua imaginação poética e precisa para fazer usos contidos na arte, tais como equilíbrio, ênfase, forma, unidade e clímax” North (2000, p.13,14).
A partir do momento que todo pregador seja consciente do seu chamado para ser o transmissor da Palavra de Deus. Nesse propósito a Igreja será bem mais sucedida no seu caminhar, num mundo tão conflituoso, onde os mais espertos e oportunistas usufruem dos meios para sustentar sua ganância e com isso o rebanho de Cristo prossegue alguns feridos, outros tristes e muitos enganados.
a)    A Cruz como base de humildade da pregação
A cruz pode ser comparada como a base da humildade da pregação da Palavra, devido ao fato de ser ela o poder de Deus para crucificar o orgulho tanto do pregador, como da congregação. “No Novo Testamento a cruz não é somente o antigo local, onde ocorreu a substituição objetiva; é também um lugar atual de execução subjetiva – a execução de minha autoconfiança e meu romance com o elogio de homens”.  Paulo via na cruz a sua virtude de humildade. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo”. (Gl. 6: 14) Piper (2009, p. 32).
 “O ponto mais forte no qual Paulo faz questão de enfatizar o poder crucificador da cruz é aquela da sua própria pregação”. Piper disse: “Duvido que haja uma passagem sobre pregação mais importante em toda Bíblia do que os primeiros capítulos de I Coríntios, onde Paulo mostra que o grande obstáculo para os alvos da pregação em Corinto era o orgulho”. As pessoas estão fascinadas com a “habilidade de oratória, façanha intelectual e exposições filosóficas”. Nos tempos de Paulo havia os mestres prediletos de cada crente de Corinto e se gloriavam deles dizendo: “Eu sou de Paulo!”, Eu sou de Apolo!“. “ Eu sou de Cefas!” Piper (2009, p. 32).
O alvo de Paulo nestes capítulos é declarado em 1: 29: “para que ninguém se vanglorie diante dele”, e em 1: 31: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. Em outras palavras, Paulo não deseja negar-nos a grande satisfação que vem do exultar em glória e do deleitar-se em grandeza. Fomos feitos para ter este prazer. Mas ele não quer deixar de reconhecer a glória devida a Deus e a grandeza que se volta em eco a ele, quando as pessoas se gloriam no Senhor e não no homem. Satisfaça seu desejo de se gloriar, gloriando-se no Senhor. Os alvos de Paulo são os alvos de pregação cristã – a glória de Deus no homem de coração contente, a exultação dos cristãos voltada para Deus. Contudo, o orgulho nos impede. Para removê-lo, Paulo fala a respeito dos efeitos da cruz em sua própria pregação. Seu ponto principal é que a “palavra da cruz” (1: 18) é o poder de Deus para quebrar o orgulho do homem – tanto do pregador quanto do ouvinte – nos leva a uma dependência prazerosa da misericórdia de Deus e não de nós mesmos. (PIPER 2009, P. 32, 33).
Piper (2009, p. 33) comenta: deixa-me dar-lhes apenas alguns exemplos disto vindos do texto: “pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada”. (I Co. 1: 17). A cruz se esvaziaria se Paulo tivesse vindo com palavras de oratória florida e com expressões profundas de sabedoria filosófica? Seria esvaziada, devido à possibilidade de Paulo estivesse cultivando aquela jactância no homem que a cruz deveria crucificar.
Piper pretende dizer que a cruz de Cristo é a base para toda humildade da pregação. Considere o mesmo ponto em 2:1: “Quanto a mim, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus”.  “Em outras palavras, o apóstolo evitou a ostentação da oratória e do intelecto”. “Por quê? Qual era a base para esta conduta na pregação? O verso seguinte nos diz claramente”: “Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” Piper (2009, p. 33, 34).
A cruz sustenta a glória de Deus na pregação, pois ela faz com que seja abatido o orgulho do homem no pregador. “É, portanto, o fundamento de nossa doutrina e o fundamento de nosso comportamento” Piper (2009, p. 34).
Há muito tempo que não ouço uma pregação cristocêntrica, cujo foco esteja voltado para cruz de Cristo, como instrumento de suplício, e também como instrumento de quebrantamento para o pregador consciente do seu chamado, para anunciar as boas novas de salvação. As pregações sem Cristo, não têm a cruz como base de humildade da pregação, por motivo de a cruz não despertar euforia entre o povo, que não sabe filtrar as emoções baratas de um pregador distante de Cristo, e da verdadeira unção do Espírito Santo. Na pregação da cruz, encontramos um grande motivo de bênção para toda humanidade, pois foi através dela que o mundo encontrou descanso nas suas pisaduras, e alívio nele para seus pecados e para suas dores.



1 Phillips Brooks, lectures on Preaching (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, n. d.), p. 5.

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