As práticas Kerigmáticas estão
relacionadas com os acontecimentos que envolvem o culto nesse caso, o culto
pentecostal. Kerígma significa proclamação, entre outros significados.
Convém ressaltar que, a pesquisa tratará sobre o Kerígma da Palavra, que
envolve o conceito de pregação, estilo, tema e duração da pregação.
A Pregação Pentecostal na visão de
muitas pessoas deveria ser pregada como a pregação de Pedro cheio do Espírito
Santo no dia de Pentecostes sendo Pedro um dos maiores pregadores que existiu
na história da Igreja Cristã Judaica, antes de entrarem os gentios porque até
aquele momento a Igreja era judaica. Mas a partir de Cornélio a Igreja passou
por sérias mudanças, porque as portas da Igreja de certa forma foram abertas
aos gentios (Atos10), embora houvesse grande
resistência por parte de Pedro contra a entrada dos gentios na Igreja, Mas o
propósito de Deus foi cumprido.
No
capítulo 11 de Atos se torna oficial a Igreja permitir o acesso dos gentios em
Antioquia da Pisídia, onde os irmãos são chamados pela primeira vez de
cristãos, v. 26. Essa Igreja a princípio era constituída de cristãos. Segundo
Halley (1970, p. 502) diz que a Igreja foi “fundada pouco depois do apedrejamento
de Estevão, pelos cristãos que foram dispersos pela perseguição que se seguia,
começou sendo exclusivamente de cristãos de raça judaica, v.19.” Pedro comenta
aos irmãos o fato ocorrido a respeito de Cornélio. As autoridades da Igreja,
convencidas pelas provas de que Pedro levara para mostrar que a conversão de
Cornélio era obra de Deus, aprovaram também esta obra, e enviaram Barnabé com
as bênçãos da Igreja-mãe, e a partir de então entram muitos gentios, v.24.
(HALLEY, 1970, p. 502).
Na
opinião de Moen a pregação pentecostal tem a seguinte conotação: ele parte do
pressuposto dizendo que: “Eu ouço um som, como de um vento veemente e
impetuoso, que enche todo o auditório e continua dizendo”:
Quais
são os elementos da pregação pentecostal? São distintos de outros tipos de
pregação pentecostal? Há diferença de estilo ou substância dos sermões
entregues na igreja tradicional ou mesmo na igreja evangélica? Eu sustento que
vai muito além dos fatores emocionais. Observo três distintivos que se
relacionam com a pregação pentecostal: a unção, a estrutura do sermão e a
pregação por resultados. (TRASK, 1999, p. 638, 639 apud MOEN).
A
seguir Moen dá algumas orientações, mas poucos pentecostais lêem ou sabem sobre
o que ele está falando, ou seja, a respeito da introdução do sermão:
Há
três propósitos básicos para a introdução de um sermão: obter atenção,
apresentar a proposição ou o tema e criar interesse. Seja extremamente
cuidadoso em seus comentários introdutórios. Tenha cuidado para evitar ser
repetitivo. Evite a improvisação – o resultado pode ser uma observação
ofensiva que não foi devidamente considerada. Não leia o texto de diversas
traduções diferentes – fica enfadonho. E não leve muito tempo para chegar ao
corpo da mensagem. (TRASK, 1999, p. 639 apud MOEN). (grifo meu).
Schneider
disse que: Pedro pregou uma prédica, sendo que a prédica surgiu no Antigo
Testamento e perdurou até no dia em que Pedro pregou e prossegue até os dias de
hoje. O que nós temos em comum com o Pentecostes de Jerusalém é a manifestação
do Espírito Santo que continua distribuindo pela graça os dons aos cristãos,
como no caso da glossolalia que se considera como o ponto culminante até para
consagração de um obreiro ao cargo ministerial, ou para se provar que a pessoa
recebeu o batismo do Espírito Santo conforme a ideia de Charles Fox Parham, que
não pode ser considerada como doutrina porque não tem respaldo bíblico, Paulo
poderia criar uma doutrina semelhante à de Parham, mas não fez.
Reiterando
essa questão do batismo com o Espírito Santo, no auge da reviravolta em que o
movimento pentecostal ganhava força, partiu de Parham a ideia de que as línguas
eram a “evidência bíblica” do batismo no Espírito Santo. (SYNAN, 2009, p. 18).
O
Dr. Billy Graham se posiciona dessa forma: “A maneira com que as Escrituras
usam a palavra batismo mostra que ele é algo inicial, tanto no caso do
batismo com água como com o Espírito, e que não se repete”. Não achei
nenhum versículo bíblico com uma repetição do batismo com o Espírito. “Pois em
um só Espírito, todos nós fomos batizados em só corpo”. (1 Cor. 12:13). O
original grego deixa claro nesta passagem que o batismo do Espírito é uma ação
completa, no passado. (GRAHAM, 1995, p. 62).
A
grande questão que se discute em torno do conceito de ser cheio do Espírito
Santo e ser batizado no Espírito Santo precisa ser revista, ou seja, precisa
haver distinção, porque no entendimento pentecostal, têm surgido grandes
questionamentos, quanto à exata definição.
Vejamos
a definição de Eby sobre ser cheio e ser batizado pelo Espírito Santo para
tirarmos as nossas conclusões.
Em
Efésios 5:8 ordena que você se encha do Espírito Santo, assim como a
embriaguez, trará a influência do Espírito Santo a cada área de sua vida. Você
se submeterá ao controle do Espírito. Você se entregará a Ele de forma que sua
vida seja dominada por Sua influência. Você voluntariamente se despirá do
pecado orgulhoso e alegremente vestirá a obediência humilde. Encher-se do
Espírito Santo envolve trabalho continuado, gradual e progressivo da santificação
através da qual o Espírito Santo capacita “cada vez mais morrer para o pecado e
viver para a retidão”.
O
enchimento do Espírito Santo não é o ato soberano e de uma vez por todas do
batismo no Espírito Santo que inicialmente traz os pecadores a Cristo. O
batismo no Espírito Santo dá um coração novo de carne, removendo o coração de
pedra (Ezequiel 36: 26). (EBY, 2001, p.111).
Essas
diferenças ainda existem no meio pentecostal, mas o nosso pentecostalismo
surgiu declaradamente em 1906, desse período em diante teve início o movimento
pentecostal como uma nova liturgia de culto. Pregação pentecostal,
necessariamente não está baseada em o Pentecostes de Jerusalém, porque até
agora não se viu um pregador como Pedro considerado como iletrado, mas que pregou
cheio do Espírito Santo com toda a sabedoria do alto. Hoje tem muitos
gritadores sensacionalistas, mas de fato temos pouquíssimos pregadores
pentecostais de verdade, que pregam mensagens bíblicas de verdade, sem querer
causar o sensacionalismo para que o suposto fogo caia sobre a igreja. Muitos
pregadores estão pregando para agradar a Igreja e não a Cristo. Segundo
o estilo desses pregadores, fogo envolve gritos e barulhos ensurdecedores, mas
o fogo sobrenatural do Espírito Santo salva o pecador da condenação eterna,
purifica, regenera e edifica sua vida, sem necessariamente haver sessão de
gritaria, ou qualquer ação contrária ao bom senso. Igreja é lugar para
adoração, edificação, meditação e reflexão para edificação das vidas em Cristo.
O
culto pentecostal está repleto de manifestações verbais envolvidas com forte
ênfase na questão emocional dos membros participantes, e o sermão em alguns
casos não significa o ponto central do culto devido a falta de consideração
para com o preparo da pregação, e a pregação, como já era de se esperar o
improviso predomina na maioria das vezes.
Na
opinião de Cesar; Shaull, quanto à pregação pentecostal diz:
Nem
sei se pode falar de sermão num culto pentecostal, uma vez que toda a liturgia
parece ter a mesma ênfase, a mesma força doutrinária e catequética. Na verdade,
a palavra vai além do sermão, complementa-se nos demais atos do culto e
significa mais do que exegese de um texto bíblico – muitas vezes apenas um
pretexto para repisar o compromisso do dízimo, da evangelização ou de normas de
condutas dos crentes. De toda maneira, a pregação é um ponto alto, cujo tema
central é a luta contra o mal através da santificação pessoal. (CESAR; SHAULL,
1999, p. 72).
Quanto
à correta definição de pregação. North comenta que: “A melhor definição de
pregação foi dada por Phillips Brooks: “Pregação é a comunicação da verdade, do
homem para os homens””. “Ela contém dois elementos essenciais – verdade e
personalidade”.
“Esta
definição revela muito com respeito à grandiosidade quase incompreensível da
responsabilidade do pregador”. Tudo que for acrescido aos “oráculos de Deus”,
não pode ser considerada como uma verdadeira pregação. A grande
responsabilidade conferida ao pregador que tem por obrigação comunicar a
mensagem da Palavra de Deus e não a sua. (NORTH, 2000, p.12).
Pregar não é somente expor os fatos relacionados com
as Escrituras de forma aleatória, (improvisada) deve-se definir de antemão o
que vai ser pregado. Robinson; Larson (2009, p. 26) nos fornece uma definição
da exposição bíblica apresentando uma defesa da mesma. Segundo se explica as
duas estão vinculadas entre si, e a “defesa da exposição bíblica deve ser
achada em sua definição”. Tudo que o pregador tem a falar deve ser voltado a
Bíblia. “Aqui, então, será a definição: Expor as Escrituras é esclarecer o
texto inspirado com tal fidelidade e sensibilidade que a voz de Deus seja
ouvida e seu povo lhe obedeça”. Porém, esse conceito não se aplica a
Pregação Pentecostal de Improviso, onde o pregador fala o que bem lhe
interessar em suas divagações, sem se importar como o sentido exato do texto
bíblico. (Dissertação de Mestrado Me. Expedito).
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