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É
de se admirar o esforço das Igrejas Pós Reforma em proceder nas suas prédicas,
e como elas fazem com muito afinco. É lamentável que o pentecostalismo que
tinha e tem tudo para ser uma Igreja com um genuíno fator de expor sua prédica,
com todo brilho do Espírito Santo, se deteve em concordar com a baixa educação
de alguns de seus membros, no que repercutiu em grande atraso teológico,
engessado, desprovido de uma pedagogia científica, que nos levou a vivermos
somente num misticismo, incoerente com o nosso segmento eclesial e social.
a)
Igreja Antiga e Idade Média:
Não foi na Reforma que a história da prédica teve seu início. Por mais
supérflua que esta observação possa parecer ela nos ajudará a entendermos unilateralmente
a “Igreja da palavra” como “instituição verbal”. Essa posição por um lado
características verdadeiras, mas não deixando de ser excessivamente abordada –
das igrejas protestantes como “Igreja da palavra”? Basta apontar para as
grandes prédicas contidas no Antigo e no Novo Testamento para dar-se conta de
que a proclamação da palavra de Deus não é uma invenção da Era Moderna
incipiente. Pensemos p. ex., nos discursos de admoestação dos profetas ou nas
parábolas de Jesus. Mas também na Igreja antiga e na Igreja primitiva as
prédicas dos apóstolos (veja a prédica de Pentecostes de Pedro em At 2; a
prédica de Estevão em At 7; a prédica do apóstolo Paulo no Areópago em At. 17)
ou as prédicas dos pais da Igreja oferecem exemplos da habilidade homilética3.
As primeiras reflexões sobre a teoria da prédica foram desenvolvidas por João
Crisóstomo (m. em 407 d. C.) em sua obra De sacerdotio e por Agostinho
(354-430 d. C.) em sua obra (homilética) principal intitulada De douctrina
christiana4. Para Agostinho, o amor a Deus por causa de Deus, que inclui o
amor ao próximo, é a vocação suprema do ser humano e, por conseguinte, o alvo
da interpretação bíblica e da prédica5. Para tanto se podem empregar recursos
retóricos, cujos limites, entretanto, residem no fato de que uma verdadeira
compreensão da Sagrada Escritura só pode ser adquirida com os dons do Espírito
Santo6. Dificilmente se pode superestimar a influência de Agostinho sobre a
prática de pregação da Idade Média. Assim, o método interpretativo relacionado
ao sentido quádruplo da Escritura que foi empregado na Idade Média remonta
3
A chamada 2ª Epístola de Clemente, aproximadamente do ano de 150 d. C., é
considerada a mais antiga prédica comunitária protocristã. Grandes pregadores
da Igreja antiga foram Tertuliano (m. aproximadamente em 220), Cipriano (m.
após 258) e, sobretudo Orígines (m. em 254).
4 Cf. verbete Homiletik, de
Hans Martin MÜLLER, in: Die Religion in Geschichte und Gegenwart.
5
Cf. ID., IBID.
6
Agostinho, Crisóstomo, Orígines, os grandes capadócios, Tertuliano – todos eles
eram mais ou menos instruídos em termos de retórica. Essa clássica do discurso
tinha sua tarefa na argumentação política e era ensinada como ciência.
a Agostinho. O alvo da prédica era a instrução pela palavra;
Crisóstomo entendia essa instrução como único “meio e caminho para a
santificação além do exemplo da boa ação”. (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 146).
Schneider-Harppecht (1998, p. 147). No período da Idade Média
houve uma tradição voltada para as prédicas com extrema diversificação. A
prédica ocupava o seu primeiro posto. Infelizmente a prédica não foi vista pelo
clero com bons olhos, e o pregador passou a ser considerado como um arauto,
onde deveria pregar somente os juízos aterrorizadores que culminaria em sentença
no dia do juízo final. Mas podemos encontrar uma diversidade de prédicas de
multiformes características, como nas Cruzadas que eram dirigidas diretamente
ao povo, nas prédicas dos escolásticos voltadas para um público acadêmico, mas,
sobretudo, a atuação da prédica passou também para o misticismo.
Schneider-Harppecht (1998, p. 147). Surge no séc. VIII uma
forma de regulamentação, envolvendo o Estado e a Igreja, e foi feita da parte
do imperador Carlos Magno. A grande massa de cristãos cristianizado fora das
fronteiras agora eles passaram a ocupar internamente grande parte do império,
consolidando com isso a vida cristã e eclesial, Carlos Magno também baixou um
decreto, para que fosse feita uma prédica no culto dominical, para edificação e
instrução do seu povo7. Magno pretendia que a vida do povo tivesse uma ascensão
e uma profunda renovação eclesial.
7 Veja Dietrich RÖSSLER,
Grundriss der Praktischen Theologie, p. 309.
Schneider-Harppecht (1998, p. 147). Até o presente momento só
haviam prédicas feitas em latim, isso para o povo não repercutia em nenhum
benefício. Entretanto, essas novas prescrições não tiveram maiores benefícios,
pelo fato de o clero comum, que somente tinha como objetivo a celebração da
missa, não estava em condições favoráveis de executar as prédicas. Na época de
Lutero era de grande valia a prédica, isso se dava pelo fato de a Igreja
Católica, ser a detentora de maus costumes quanto à liturgia da Palavra, tanto
Lutero quanto outros grandes homens viam a extrema necessidade de levar ao povo
a Palavra de Deus pregada e ensinada.
a) Lutero e a época da Reforma: Lutero
expressou-se de maneira extremante crítica sobre a prédica da Igreja papal.
Segundo seu juízo, só seriam apresentadas “tolices”, “lendas de santos,
histórias mentirosas sobre sinais milagrosos, peregrinações, missas, serviço
aos santos, indulgência e coisas desse gênero”. (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 147).
10 Prédica sobre Ef 5. 1-9,
in: WA 8, 149ss.
11 Dietrich RÖSSLER, op. Cit., p. 313.
12
“A linguagem é uma grande e uma divina dádiva nos seres humanos, pois a
sabedoria linguística, e não a violência, governa, educa, forma, consola,
reconcilia as pessoas em todas as situações da vida, principalmente em questão
da consciência moral... A palavra falada tem força verdadeiramente maravilhosa,
pois por causa dessa palavra incerta da boca humana Satanás, o espírito mais
soberbo, fica confuso e é obrigado a fugir” (Bo A 8, 223s. ; TR4081; cit. AP.
Dietrich RÖSSLER, op. Cit.).
É preciso refletir sobre esse juízo de Lutero, que foi
assumido até a Era Moderna, e obter clareza quanto às implicações a ele
associadas.
Ao realizar esse trabalho, me detenho a pensar, o porquê de
nós não termos mais apologistas no campo da Homilética, na questão da Palavra
pregada e ensinada. Digo no meio pentecostal. Estamos vivendo um caos
litúrgico, onde o culto visual está em grande vantagem sobre a prédica, são
apresentações e mais apresentações, às vezes ficam reservados menos de trinta
minutos para exposição da Palavra.
Podemos observar o valor que Lutero dava a Palavra. “Lutero
viu na palavra a categoria decisiva para o relacionamento do ser humano com
Deus.” 11 Deus dá o ser por meio da palavra (Gn 1), promete graça a seu povo,
lhe dá ordens e o julga. O ser humano torna-se ser humano por meio da palavra,
por meio da linguagem12. A fé é criada pela palavra que vem de Deus. E mais: a
própria prédica é entendida como a palavra de Deus. (...), esse relacionamento
de palavra falada externa e palavra interior de Deus, que cria a fé no ser
humano, é suficiente; o infinito está inteiramente presente no infinito: finitun
capax infiniti. (...). Para Lutero a própria palavra era “uma coisa
vigorosa e eficaz”. (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 148).
Schneider-Harppecht (1998, p. 149). Somente a palavra de Deus
tem poder para atingir a consciência moral do ser humano, e esta deve ser
amparada e libertada pela prédica evangélica. Necessariamente toda prédica deve
ter como ponto central a pessoa de Cristo. Desse ponto de vista Lutero tinha
toda razão de assumir totalmente a sua “doutrina da prédica” “seguinte fórmula
concisa”: Solus Christus praedicandous, “é só a Cristo que se deve
pregar”.
Com a Reforma de Lutero Deus providenciou tudo para que a sua
Palavra fosse comunicada aos homens, por meio da imprensa. O monopólio da
Igreja Católica havia ruído, e agora o povo teria acesso a Palavra de Deus.
Deus age assim, quando há barreiras ele simplesmente tira as barreiras, para
que a sua Palavra prevaleça.
Schneider-Harppecht (1998, p. 149). “Quase ao mesmo tempo em
que ocorreu a Reforma, Johann Gutenberg desenvolveu a técnica da impressão”.
Com a palavra escrita impressa e multiplicada, desenvolveu um importantíssimo
papel na transição da Idade Média para a Era Moderna. O ser humano foi tido em
destaque, mais acentualmente do que até então. A vez do livro, fez com que essa
individualização tivesse total apoio.
O caráter do sujeito deve ser entendido como característica
essencial da Era Moderna. A técnica da imprensa e a necessidade de ensinar
também as pessoas simples a ler e a escrever andaram de mãos dadas. Assim,
devemos, não por último, ao desenvolvimento de um meio (a saber, do livro) o
fato de que um dos bens mais valorizados do presente, o caráter de sujeito que
tem o ser humano, pôde se desenvolver dessa forma tão importante para nós hoje.
A insistência dos reformadores no aceso geral à escola antecipa justamente esse
momento: o indivíduo torna-se sujeito de si mesmo ao se deixar interpelar pela
palavra. Segundo Lutero, Deus quer dirigir a palavra ao ser humano enquanto
indivíduo e quer fazê-lo diretamente. É para o indivíduo que se destina a
pregação da Palavra. (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 149).
Prédica [Dev. de predicar.] 1. V. sermão (1): 2.
Discurso; oração. [Cf. predica, do v. predicar.
a) Considerações sobre a prédica
Ao longo da nossa vida eclesiástica vivemos e usamos termos
triviais, não inovamos e nem procuramos usar termos técnicos ou desconhecidos
da nossa liturgia eclesiástica. Entre tantos nomes dados a pregação, prédica
para nós pode parecer desconhecido, mas esta informação vem para somar nosso
conhecimento. Todo pregador tem diante de si um grande dilema relacionado com o
fato de ter que pregar. Para pregar ele sabe que tem que cumprir regras ou
então pregue o que quiser, não é esse o nosso caso, ao contrário temos que ser
exemplo na pregação.
Schneider-Harppecht (1998, p. 144). Portanto, quem quer
pregar tem diante de si uma enorme fonte nas Escrituras, que não foi escrito
por ele. Todo pregador tem sua própria historia, sua própria razão de fé – tudo
isso lhe foi comunicado historicamente –, tem diante de si uma congregação que,
por sua vez, tem sua história própria, sua fé própria, e acima de tudo, tem uma
personalidade peculiar. Todo pregador tem diante de si um fator importante e
ele sabe que precisa despender esforços para elaborar uma prédica, isso ele faz
sabendo sobre o que o texto escolhido tem a dizer, e como pretende que seja
entendido pela comunidade, mas se comunica, (de quem é essa comunicação? Do
texto ou as do pregador? Ou as de Deus?); é exatamente isso que importa para a
sua comunidade, que se reúne não para ouvir suas palavras, seus improvisos,
suas besteiras, asneiras ou qualquer coisa, menos a Palavra de Deus.
Schneider-Harppecht (1998, p. 144). Mas ele foi escolhido por
Deus e pela comunidade para falar somente de Deus. Às vezes não prestamos conta
a nós mesmos em termos teológicos sobre conceito do dia a dia e dos excessos da
nossa conturbada rotina dominical. Há uma forte tendência de abandonarmos
nossos conceitos teológicos e abraçarmos a nossa forma particular e nosso
próprio estilo que nos lavam a certos costumes distantes do que aprendemos na
academia. Pregamos muitas vezes na semana e pensamos já ter pregado tudo,
esgotados os assuntos que pregamaos1.
1
O mais tardar então chega o momento em que os pastores começam a pensar em
mudar de paróquia.
2
Nessas questões terminológicas, adoto aas propostas de Nelson KIRST, Rudimentos
de Homilética, p. 17s.
Segue uma orientação para auxiliar nosso procedimento e a
forma correta de considerarmos nossa forma de expormos nossa prédica.
Nossa proposta visa fazer com que nos ocupemos de maneira
nova – saindo da rotina – com a teologia da prédica para definir nosso próprio
posicionamento. Queremos estimular o/a leitor/a ocupar-se mais uma vez com
temas homiléticos, a ocupar-se mais uma vez com sua própria posição teológica.
(SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 144).
b) A Função do termo prédica
Estamos acostumados com o nome pregação, ou mensagem,
forçando um pouco preleção, provavelmente jamais abriria outro espaço para
entendermos a função do termo prédica, se bem que o nosso assunto homilético
tem tudo a ver com este termo, porém muito pouco, ou quase nada está sendo
usado em nosso meio, digo meio pentecostal.
Neste ensaio o discurso público proferido no púlpito é
designado sempre como “prédica”. Em relação a isto poderia surgir um problema
terminológico, já que essa expressão é desconhecida em algumas igrejas ou
porque se emprega outro termo: “sermão” e “homilia” no âmbito católico, ao
passo que em algumas tradições a prédica é designada como “mensagem”. O
conceito genérico sob o qual se podem subsumir todas as espécies de proclamação
pública da Palavra é “pregação” 2 (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 144).
c) A Prédica no pensamento de Schleiermacher e de Barth
Serve de estímulo espiritual para nós o testemunho desses
dois grandes homens de Deus, que deixaram seus pensamentos quanto à prédica.
Schneider-Harppecht
(1998, p. 153). Daniel Friedrich Ernest Schleiermacher (1768-1834). “Schleiermacher
era um teólogo com uma inclinação e sensibilidade acentuadamente artística. A
partir daí explica-se também por que ele colocou a prédica numa relação de
analogia com o lirismo”.
No pensamento de Friedrich Schleiermacher encontra-se uma
concepção homilética inteiramente distinta daquela proposta pelo iluminismo.
Para ele o culto e a prédica não são atividades docentes – neles não há nada
para “aprender”, nem de modo geral em termos práticos, como nas prédicas da época
do iluminismo nem no sentido dogmático, como na ortodoxia. Bem pelo contrário:
na prédica se expressa à autoconsciência piedosa do pregador, cujo interesse
seria introduzir a comunidade nesse sentimento piedoso e fazê-lo sintonizar-se
com ele. O pregador sai do meio da comunidade, colocando-se diante dela, e a
faz participar, durante a prédica, do sentimento da religião. Ele comunica a
comunidade em sua alocução o que sente profundamente em si mesmo. Segundo
Schleiermacher, a prédica seria comunicação da autoconsciência piedosa que se
tornou pensamento. “Ele [sc. O pregador] adianta-se para exibir sua própria
concepção como objeto para os demais, para conduzi-los à área da religião, onde
é o lar dele, e para inocular-lhes seus sentimentos sagrados: ele enuncia o
universo, e em sagrado silêncio a comunidade acompanha seu discurso.” 19 (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P. 153).
19 Friedrich SCHLEIERMACHER,
Über die Religion, p. 101.
20 ID. , IBID., p. 99s.
Para Schleiermacher a participação consciente do pregador,
seu ânimo interior, seria a vida da sua prédica, isso seria expor seus
sentimentos mais profundos na questão da Palavra pregada, sem interpor a
atuação do Espírito Santo.
Schneider-Harppecht (1998, p. 153). “O que impeliria o
pregador não seria seu próprio orgulho ou pretensão. Pelo contrário: aquilo que
ele sente interiormente faz com que comunique isso à comunidade”. Schneider;
Harppecht (1998, p. 153). De início sua aspiração é antes de tudo, quando uma
reflexão religiosa clareou sua mente ou o seu sentimento piedoso que preenche
sua alma – também tem condições de chamar para si a atenção de outros ouvintes
para esse objeto “e, na medida do possível, reproduzir nela as vibrações de seu
ânimo.”
Quando a prédica era finalizada, o pregador então voltava par
o circulo da sua comunidade. Nada o colocava acima da sua comunidade. Neste
ponto Schleiermacher era inteiramente um defensor do sacerdócio de todos os
crentes. O elemento de ligação entre a comunidade e o pregador é a relação
comum com a Escritura. Sob esta ótica pode-se designar o procedimento
homilético de Schleiermacher como dialógico: “E um diálogo com a passagem da
Escritura, que ele [sc. o pregador] inquire e que lhe reponde, e com sua
comunidade.” 21 (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998, P.
154).
21 ID.,
PraktischenTheologie, p. 216. 23 Karl BARTH, Homiletik, p. 30.
O pensamento de Schleiermacher pode parecer estranho, sem uma
investigação teológica. Para alguns pode ser uma idéia, um tanto absurda, mas
por outro lado é compreensível o seu pensamento a meu ver. Isso porque ele está
se referindo a consciência interior do pregador que usa de sua consciência
piedosa para comunicar sua prédica, aos seus ouvintes. Deus não usa homens
robotizados, mas sua participação consciente é sem dúvida necessária e
coerente.
Barth foi sem dúvida, um teólogo muito considerado nos
círculos acadêmicos, também deixou sua grande contribuição teológica, quanto à
questão da prédica.
Schneider; Harppecht (1998, p. 154). Karl Barth
(1886-1968): “Para a teologia da dialética, a tarefa da prédica era tão-
somente a “proclamação da palavra de Deus”, e não instrumentação, aplicação
prédica ou regalo com as profundezas de um sentimento religioso indefinível”.
Nesta concepção, a questão decisiva da homilética é a
definição do relacionamento entre a palavra humana – que nossa prédica, afinal,
sempre é – e a palavra divina – que uma prédica deveria ser. Ocorre que, em
certo sentido, a teologia dialética, ao definir o que é a prédica, recorre a um
padrão básico ortodoxo quando constata: praedicatio verbi Dei est verbum Dei
– “a pregação da palavra de Deus é a palavra de Deus”. A palavra de
revelação de Deus deve expressar-se na prédica; a prédica deve poder tornar-se
palavra de Deus. O pregador deve entender a si mesmo como instrumento de Deus,
que o requisita para, por meio da prédica do pregador, tomar, ele próprio, a
palavra. Isso, naturalmente, está fora do domínio do próprio pregador, e a
prédica é a “possibilidade impossível” do pregador. (SCHNEIDER-HARPPECHT 1998,
P. 154).
Numa pequena homilética Karl Barth oferece a seguinte
definição de doutrina da prédica em duas partes.
1. Prédica é a palavra de Deus, falada por ele mesmo lançando
mão do serviço da explicação – em discurso livre, dirigindo a pessoas da atualidade
– de um texto bíblico por parte de uma pessoa vocacionada para isso na Igreja
obediente à sua missão.
2. A prédica é a tentativa ordenada da à Igreja de servir à
palavra do próprio Deus por meio de uma pessoa vocacionada para isso, e de
servir a ela de tal modo que um texto bíblico seja explicado, em discurso
livre, as pessoas da atualidade como texto que diz respeito justamente a elas
enquanto anúncio daquilo que têm a ouvir do próprio Deus. 23 (SCHNEIDER-HARPPECHT
1998, P. 154).
Schneider-Harppecht (1998, p. 154). Barth procurou expor de
maneira consciente o que de fato é necessário para que o pregador conheça a sua
definição de prédica. O pregador sempre está a quem da exigência que pesa sobre
ele na tarefa de proclamador da Palavra de Deus. Ele como recebedor da palavra,
sem estar seguro da sua incumbência; pois o que ele tem a expressar não passa
de palavra humana. Somente Deus tem o poder de transformar a palavra humana em
sua Palavra, que tenha como propósito atingir o seu ouvinte.
1. A tentativa da teologia dialética deve ser
entendida como reação e medida defensiva contra toda e qualquer tentativa
humana de cooperar no acontecimento da revelação de Deus. O ser humano é
recebedor da palavra de Deus. Também o pregador, não obstante todo o esforço
que deva envidar em sua preparação para a prédica, não pode saber se com suas
palavras ele realmente proclama a palavra de Deus. Isto é um círculo fechado em
que Deus é o sujeito e o objeto e mediação entre ambos. “25 (SCHNEIDER-HARPPECHT
1998, P. 154).
Barth menciona a palavra vocacionado. Sabemos que existem
grandes oradores em nosso meio, se esses homens foram realmente chamados por
Deus, consequentemente são vocacionados por Ele. Independente de serem homens,
provavelmente instruídos na técnica do conhecimento dialético, não pode ser
considerada a técnica dialética como um obstáculo para a pregação, se bem que
podemos usar tais recursos, mas isso não entra em choque com a ação do Espírito
Santo o principal agente da transmissão da Palavra de Deus, nos homens
vocacionados.
Dialética [Do gr. Διαλεκτικε - dialektiké (téchne), pelo lat. dialectica.]
Filos. Arte do diálogo ou da discussão quer num sentido laudativo, como força
de argumentação, quer num sentido pejorativo, como excessivo emprego de
sutilezas (...).