Texto: Pr. Pedro Apolinário
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A palavra cânon,
desde a sua etimologia, até o atual sentido de conjunto de livros da Bíblia,
conserva o sentido de medida diretiva ordenadora.
O termo grego "Cânon"
é de origem semítica, pois em hebraico "ganeh", significa regra,
régua para medir, varinha direita.
O grego clássico acentua o
sentido figurado da palavra e cânon designa a vara, o nível, o esquadro, o
braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser atingida, a medida
infalível. Aristóteles chama o homem bom de cânon ou métron da verdade. Em
português o termo é usado também no sentido de norma, como nesta frase de
Aquilino Ribeiro. "Havendo fugido ao cânon da beleza consagrada."
Na linguagem profana a idéia
essencial da palavra é de linha reta ou direita, como se conclui de outras
palavras que têm a mesma raiz: cana, canal, canhão.
Dentre os prelados da igreja
aparece um grupo chamado de cônegos, porque estes deveriam conformar-se com
as regras da fé e do procedimento.
Os cristãos do II século
denominavam os ensinos sagrados da seguinte maneira: "o cânon (regra) da
Igreja", "o cânon da fé", "o cânon da verdade."
Estas expressões nos fazem compreender porque os Pais da Igreja utilizaram a
palavra para designar tudo quanto serve de fundamento à religião, regra da fé
e da verdade e por fim o livro que contém as normas diretivas para uma
correta vida cristã. Em meados do quarto século toda a coleção dos livros
sagrados passou a ser designada como o cânon. Foi Atanásio quem lhe deu, pela
primeira vez, este nome. A princípio a palavra cânon designava apenas a lista
dos livros sagrados, mas depois passou a designar os próprios escritos,
indicando assim que as Escrituras são a regra de ação investida com
autoridade divina.
No Novo Testamento a palavra
aparece em 5 passagens: Gálatas 6:16; II Coríntios 10:13, 15, 16 e Filipenses
3:16 (esta última não aparece em todos os manuscritos gregos, como indica o
Aparato Crítico). Em Gál, 6:16, Paulo a usou no sentido grego de "uma
regra", mas que em sentido religioso seria "norma da verdadeira
vida cristã."
O SDABC, vol. I, pág. 36,
declara:
"Uma compreensão correta da história da Bíblia e a coleção
de seus livros não somente é de grande interesse para o leitor da Palavra de
Deus, mas é necessária para refutar as falsas alegações dos que estão
influenciados em seu pensamento pela alta crítica. Desde que, às vezes, se
tem afirmado que a coleção dos livros do Antigo Testamento foi feita pouco
antes do ministério de Jesus Cristo, ou no Concílio Judeu de Jânia, depois da
destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC, é necessário conhecer os
fatos para ver a falácia de tais afirmações."
Cânon do
Velho Testamento
Este estudo envolve
algumas perguntas que tanto podem ser feitas para o Velho Testamento quanto
para o Novo Testamento, tais como:
– Quem organizou o cânon?
– Como foi ele organizado?
– Quando foi feito este
trabalho?
– Por que foi feito?
Nas explicações que se seguem
são encontradas de maneira bem explícita ou latente respostas para cada uma
destas inquirições.
No sentido religioso canonizar
um livro significa:
1º) Reconhecimento de que o seu
ensino era divino;
2º) Conseqüente
aceitação que o escrito possui autoridade religiosa reconhecida por uma
comunidade ou pelos seus dirigentes.
Como os
Livros Foram Canonizados?
Foi um processo de
acrescentamento gradual. E a divisão em Lei, Profetas e Escritos confirma
esta afirmação. Foi o resultado do trabalho de um conjunto de pessoas. Não
foi a autoridade eclesiástica que o criou, esta apenas sancionou e fixou a
coleção de escritos que vinham sendo reconhecidos como divinos.
Por Que Foi
Feito?
Porque Deus orientou Sua
Igreja diante das necessidades prementes, como o aparecimento de heresias e
de livros não inspirados.
O cânon reduzido de Marcion
mostrou a necessidade de uma coleção de todos os livros inspirados do Novo
Testamento.
A difusão do
cristianismo entre outros povos indicou a indispensabilidade de se traduzir a
Bíblia para outras línguas. Como fazer se os vários livros ainda não se
encontravam definitivamente fixados.
Quem Organizou
o Cânon?
Muitos livros fazem referências
à "A Grande Sinagoga" um Conselho, do qual Esdras era o presidente,
e que incluía entre os seus 120 membros, Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias,
Daniel e Simão o Justo. Embora o Talmude atribua a ratificação do cânon
hebraico aos membros desta sinagoga, alguns eruditos afirmam que a Grande
Sinagoga não passa de uma lenda que surgiu no século XVI, sendo ela o produto
de uma ficção rabínica.
Quase todos os estudiosos deste
assunto concluem que Esdras e Neemias colecionaram os livros sagrados do
Velho Testamento e fecharam o cânon, entre os anos 430 e 420 a.C. Alguns
autores mais precisos fixam a data em 432 a.C.
Isto é evidente das seguintes
conclusões:
a)
Os livros históricos da Bíblia registram acontecimentos que se realizaram até
o sexto e quinto séculos a.C. e não mais tarde;
b)
O historiador Flávio Josefo (70 S.D.) em sua catilinária Contra Ápion 1: 8
nos afirma que os judeus no tempo de Cristo estavam convictos de que o cânon
tinha sido fixado no tempo de Esdras e Neemias.
No livro Profetas e Reis,
página 609, há esta elucidativa explicação:
"Os esforços de
Esdras para reavivar o interesse no estudo das Escrituras receberam forma
permanente, graças ao seu laborioso e constante esforço no sentido de
preservar e multiplicar os Sagrados Escritos. Ele reuniu todos os exemplares
da lei que pôde encontrar, mandando-os transcrever e distribuir. A Palavra
pura, assim multiplicada e posta nas mãos de muitos, proveu o conhecimento
que era de inestimável valor."
Na mesma sátira Contra Ápion, já
citada acima, Josefo apresenta a teoria dos judeus sobre o cânon, cujas
principais características são:
1ª) Inspiração divina;
2ª) A santidade objetiva dos
livros, comparados com a literatura profana;
3ª) A limitação numérica em 22
livros (os 24 livros se originaram da separação de Rute de Juízes, e de
Lamentações de Jeremias;
4ª) A inviolabilidade do texto.
Todos os escritos teriam sido compostos entre Moisés e Artaxerxes I (falecido
em 424 a.C.).
Os judeus haviam estabelecido
outros princípios para os livros do Velho Testamento figurarem ou não no
cânon, e estes eram:
a)
Estar em conformidade com a Lei;
b)
Ter sido escrito na Palestina;
c)
Redigido na língua hebraica.
Alguns estranham que Flávio
Josefo fale em 22 livros e não em 24 como normalmente são citados para o
cânon do Velho Testamento.
O cânon apresentado por Josefo
divide os livros do Antigo Testamento em três partes: 5 livros de Moisés, 13
livros dos profetas e 4 livros contendo hinos e regras de vida. Origenes
também fala em 22 livros. O próprio Jerônimo também se refere a 22 livros,
mas conhece o arranjo que leva a 24 livros.
Parece-nos pelo estudo feito que
os 22 não foram divididos para chegar a 24, mas estes agrupados para terem
apenas 22. Conclui-se que o intuito de Josefo era o mesmo de alguns rabinos,
de obterem uma correspondência entre o número dos livros e o das letras do
alfabeto hebraico. Para chegar a 22 anexaram o livro de Rute a Juízes e as
Lamentações ao de Jeremias. Como o alfabeto hebraico tem mais cinco letras
finais, não faltou quem contasse 27 livros, fazendo para isso subdivisões em
Reis, Esdras e outros livros.
A divisão que
temos hoje de 39 livros tem sua origem na Septuaginta, tradução do hebraico
para o grego.
Os judeus
dividiam os 24 livros em seções:
1ª) A Lei
(Torah), contendo os primeiros cinco livros, que os Setenta chamaram de
Pentateuco: a) Gênesis, b) Êxodo, c) Levítico, d) Números, e) Deuteronômio.
2ª) Os Profetas (Nebilim), num
total de oito livros, subdivididos em:
a) Quatro
antigos ou anteriores – Josué, Juízes, Samuel e Reis;
b) Quatro
posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores num só
livro.
3ª) Os Escritos
(Ketubim), chamados no texto grego "hagiógrafos" (escritos
sagrados) são formados de três grupos, num total de 11 livros:
a)
Livros Poéticos – Salmos, Provérbios e Jó;
b) Os
Cinco Megilotes (rolos) – Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações,
Eclesiastes, Ester;
c)
Os outros livros – sem uma nomenclatura específica – Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas.
Os judeus modernos gostam de
designar sua Bíblia com a palavra TeNaK, vocábulo criado com a aproximação
das letras iniciais das três partes: T de Torá, N de Nebilim e K de Ketubim.
A Alta Crítica afirma que a
divisão do cânon nestas três partes, indica três estágios diferentes ou
períodos de tempo de canonização. Para ela o Pentateuco foi canonizado depois
do exílio Babilônico, 432 a.C., nos dias de Esdras e Neemias; os profetas
foram canonizados entre 300 e 200 a.C.; os Escritos o foram no período de 160
a 150 a.C. O cânon completo foi oficialmente ratificado em 90 A.D. pelo
Concílio de Jânia.
Estas asseverações nos fazem
lembrar das palavras de Ellen G. White em Atos dos Apóstolos, página
474:
"Como nos dias
dos apóstolos os homens procuravam destruir a fé nas Escrituras pelas
tradições e filosofias, assim hoje, pelos aprazíveis sentimentos da 'alta
crítica', evolução, espiritismo, teosofia e panteísmo, o inimigo da justiça
está procurando levar as almas para caminhos proibidos. Para muitos a Bíblia
é uma lâmpada sem óleo, porque voltaram suas mentes para canais de crenças
especulativas que produzem má compreensão e confusão. A obra da 'alta
crítica', em dissecar, conjecturar, reconstruir, está destruindo a fé na
Bíblia como uma revelação divina."
A divisão em três partes não
visa indicar três fases da canonização, mas antes a posição oficial ou a
ocupação de seus autores, 1ª) A parte inicial é obra do grande legislador do
povo de Israel. 2ª) A segunda parte foi redigida por pessoas escolhidas por
Deus para o sublime trabalho de profetizar. 3ª) A terceira parte foi
produzida por homens privilegiados com o dom profético, mas que se dedicavam
a outros trabalhos, como Davi, Salomão, Esdras, Neemias e Daniel.
A divisão do Antigo Testamento
em três partes foi confirmada pelo próprio Cristo... Importava que se
cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
Salmos, que é o primeiro livro da terceira divisão. (Lucas 24:22).
No texto grego da Septuaginta, o
cânon do Velho Testamento foi dividido em quatro seções:
1ª) A Tora, a
Lei, ou seja o Pentateuco, com os cinco primeiros livros;
2ª) Os livros
históricos – de Josué até Crônicas e mais outros como Esdras, Neemias, Ester;
3ª) Os livros
poéticos – Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares;
4ª) Os livros
proféticos – os quatro maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e os doze
menores.
Cristo e os apóstolos aceitaram
o cânon do Velho Testamento, como se pode deduzir de inúmeras passagens: Luc.
24:44, João 5:46-47, II Tim. 3:15-16, II Ped. 1:19, 21. A Igreja Cristã
também aceitou todos os 24 livros canônicos do Velho Testamento. Destes
livros não foram citados no Novo Testamento apenas os seguintes: Ester,
Eclesiastes, Esdras, Neemias, Obadias, Naum e Sofonias.
Comentando o problema do cânon
do Velho Testamento na igreja cristã, afirma o Comentário Bíblico Adventista,
vol. I, página 45:
"A história do
cânon do Velho Testamento na igreja cristã, centraliza-se na questão a
propósito da aceitação ou rejeição da Apócrifa Judaica. Posto que estes
livros fossem rejeitados pelos apóstolos e escritores cristãos até a metade
do 2º século, e na verdade mesmo pelos próprios judeus, estes escritos
espúrios desafortunadamente encontraram acolhida na igreja cristã aí pelo fim
do 2º século. Desde esse tempo, nunca mais foram banidos da Igreja Católica.
Os reformadores tomaram firme posição para rejeitarem a Apócrifa, mas após a
sua morte os livros apócrifos acharam entrada mais uma vez em algumas igrejas
protestantes, contudo foram finalmente rejeitados pela maioria delas no
século XIX."
Uma das provas mais cabais da
aceitação do cânon do Velho Testamento pelos escritores do Novo encontra-se
nas seguintes afirmações do Dr. Siegfried H. Horn, encontradas no Comentário
Bíblico Adventista, vol. I, página 42:
"O autor deste
artigo contou 433 claras citações no Novo Testamento, e achou que 30 dos 39
livros do Velho Testamento são definitivamente citados. Os nomes de 10 livros
ou seus autores são mencionados em 46 passagens do Novo Testamento, a
inspiração de 11 livros do Velho Testamento é reconhecida pela citação
introdutória com as palavras de que seu autor era Deus ou o Espírito Santo, e
o termo escrito é aplicado em 21 passagens de 11 livros do Velho Testamento,
enquanto 73 declarações do Velho Testamento são introduzidas pelo termo
técnico "está escrito".
Mais de uma vez ouvimos a
afirmação de que o sínodo de Jânia – cerca de 90 A.D., encerrou o cânon do
Velho Testamento. Esta afirmação não corresponde à realidade, porque dentre
os dois problemas principais ventilados neste Concílio, um dizia respeito a
alguns livros, que certos eruditos achavam que não deviam estar incluídos no
cânon. Este concílio defendeu a canonicidade de quatro livros contra os
ataques da "Escola de Shammai", que não queria que eles figurassem
entre os demais. Os livros eram os seguintes:
a)
Ester, por não fazer menção do nome de Deus;
b)
Cantares, por ser considerado por muitos mero canto de amor;
c)
Eclesiastes, por causa do espírito pessimista que permeia o livro;
d) Provérbios,
por possuir capítulos de autores desconhecidos.
Cânon do
Novo Testamento
As mesmas perguntas já
formuladas quanto ao cânon do Velho Testamento podem ser repetidas aqui:
– Quem coligiu os escritos?
A igreja cristã crê firmemente
que foi o Espírito Santo que orientou os servos de Deus dos primeiros séculos
na seleção dos livros neotestamentários.
Convém recordar que os primeiros
cristãos que constituíam os diversos núcleos ou igrejas da Palestina, da
África, da Ásia Menor, de Roma, etc., acreditavam que a volta de Cristo seria
para breve, por isso não se preocuparam em registrar por escrito os
empolgantes acontecimentos relacionados com a vida de Cristo e Seus sublimes
ensinos. Os apóstolos e primeiros discípulos perpetuavam, sobretudo, a
tradição oral composta quase exclusivamente de fatos da vida de Jesus. Com o
correr do tempo, foram, naturalmente, compostos escritos fragmentários, que
divulgaram palavras de Jesus (as Logias) e outros, mais cuidados e ampliados,
que assinalavam fatos, milagres, acontecimentos da vida de Jesus.
Os livros do Novo Testamento
foram surgindo sem desígnio, sem previsão, sendo coligidas as palavras de
Jesus, as narrações de Sua vida, os atos dos apóstolos, as cartas
apostólicas, o livro de Apocalipse.
Embora haja intermináveis
controvérsias concernentes a data em que foram escritos alguns livros do Novo
Testamento, os estudiosos parecem estar mais ou menos de acordo que o
primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses em 51; e em 96 ou 97 João
escreveu o Apocalipse.
É questão também muito aceitável
entre os eruditos que o Evangelho de Marcos é o mais antigo, escrito entre os
anos 65 e 67. São Mateus data aproximadamente do ano 70. Lucas mais ou menos,
dessa mesma época e João na última década do primeiro século.
F. F. Bruce, no livro Merece
Confiança o Novo Testamento? atribui as seguintes datas às epístolas
paulinas: Gálatas 48 A.D., I e II Tessalonicenses 50, Filipenses 54, I e II
Coríntios 54-56, Romanos 57, Colossenses, Filemon e Efésios 60,
aproximadamente.
As Epístolas Pastorais, em
virtude do seu conteúdo, são posteriores às paulinas 63-64.
De acordo com a Crítica Textual,
e esta idéia é aceita pela maioria dos comentaristas – Mateus e Lucas se
abeberaram em Marcos, o primeiro Evangelho a ser escrito, mas recolheram
material de outras fontes, como o notável documento "Q" (do alemão Quelle, fonte). Este documento
"Q" original nunca foi encontrado, mas o notável exegeta Harnack tentou reconstituí-lo. É
bom notar que há neste sentido muitas conjecturas baseadas em tradições.
Note bem: Outras idéias e datas
são apresentadas e também as conhecemos, como por exemplo que o livro de
Mateus foi o primeiro Evangelho escrito e que João escreveu o seu Evangelho
depois do Apocalipse, etc, etc.
Não há aqui
afirmações definidas e taxativas.
Influência de
Márcion Sobre o Cânon
O mais antigo catálogo de
livros neotestamentários de que temos conhecimento direto, foi elaborado em
Roma pelo herege Márcion, cerca do ano 140 A.D. O desafio dos mestres
heréticos, especialmente Márcion, que rompeu com a Igreja de Roma cerca de
150 D.C., serviu de estímulo e de motivo para a Igreja tomar consciência da
necessidade de fixar o cânon.
Márcion, não compreendendo bem
os ensinos paulinos, pregava uma doutrina de dois deuses: o Deus do Antigo
Testamento: Justo, o Criador, juiz severo dos homens; Jesus, superior ao Deus
Justo, enviado para libertar os homens da escravidão àquele Deus. Cristo foi
crucificado através da malícia do Deus Justo. Por crer neste dualismo
rejeitou o Deus do Velho Testamento e também o cânon desta parte da Bíblia. O
cânon apresentado por ele à Igreja consistia apenas do Evangelho do Lucas,
purificado de todas as citações do Antigo Testamento e de dez epístolas
paulinas, deixando fora I e II Timóteo e Tito. Para ele apenas Paulo tinha
sido o único e verdadeiro apóstolo de Cristo.
Mesmo dos livros conservados em
seu cânon ele removeu todas as frases que pareciam favorecer o Deus do Velho
Testamento. Foi o primeiro cristão a fazer parte da Alta Crítica. Afirmava
ele: "Eliminemos a lei e fiquemos apenas com a graça!" E como os
cristãos primitivos apreciavam a idéia, Márcion exercia grande influência
sobre eles. Justino Mártir afirmou que quinze anos após a publicação do seu
cânon e de seu livro Antítese ele possuía seguidores ao redor do mundo.
Márcion nasceu numa localidade
chamada Ponto. Tertuliano escreveu o seguinte a respeito desse lugar:
"Habitam ali os
povos mais ferozes. .. Suas mulheres preferem a guerra ao casamento, e, o
clima é tão rude como o povo. Nada, porém, é tão bárbaro e atroz, em Ponto,
como o fato de Márcion haver nascido ali." (Contra Márcion 1:1).
Por causa de suas idéias
heréticas foi excomungado pelo próprio pai, que era bispo. Foi cognominado
por Policarpo como sendo o primogênito de Satanás.
Além da heresia marciana houve
outros movimentos discordantes com os ensinos escriturísticos, como o
docetismo, o gnosticismo e o montanismo, que levaram a igreja primitiva a
apressar a catalogação dos livros sagrados.
O cânon do Novo Testamento foi
ainda criado para proteger os escritos dos apóstolos de muitos escritos
apócrifos. A partir do fim do segundo século A. D. a igreja começou a
organizar o verdadeiro cânon cristão. O documento mais antigo e mais
importante que mostra isto é o chamado Fragmento Muratoriano, escrito mais ou
menos no ano 200 (esta é a data aceita, porque seu autor diz que o Pastor de
Hermas não podia ser lido na Igreja, por ter sido escrito recentemente), mas
descoberto somente em 1740 por Muratori.
Este documento apontava a como
livros correntemente aceitos, os quatro Evangelhos, Atos, treze Epístolas de
Paulo, três Epístolas de João, uma Epístola de Judas, duas de Pedro e o
Apocalipse de São Pedro (este considerado apócrifo mais tarde).
Os responsáveis pela organização
do cânon do Novo Testamento tiveram como norma e inspiração os livros
canônicos do Antigo Testamento. Neste trabalho houve um processo de seleção
efetuado por meio de agentes humanos, mas inspirados pelo Espírito Santo.
Antes da existência do Volume
Sagrado, cada livro, individualmente, circulou pelas comunidades cristãs,
para que estas fizessem um trabalho de seleção, baseado no seu autor, na
qualidade literária e no seu conteúdo intrínseco.
No início o cânon se preocupava
com os livros que contavam a história de Cristo, por isso os quatro
Evangelhos e Atos dos Apóstolos foram os primeiros a serem reconhecidos como
sagrados, inspirados por Deus, porém, a aprovação dos Evangelhos abriu
caminho para a aceitação das Epístolas.
Divergências na Introdução de
Alguns Livros
Houve uma profunda
polêmica a propósito da introdução de alguns livros no cânon do Novo
Testamento, como II Pedro, I e II João, Tiago, Hebreus, Judas e Apocalipse.
De todos estes foi o Apocalipse o que ofereceu maior dificuldade para ser
enumerado no Cânon Eclesiástico. Aqueles que se opunham a introdução destes
livros criaram um termo para esta discussão – Antilegômena, isto é, debatido,
contestado, controvertido.
Hebreus foi difícil ser colocado
no cânon por crerem alguns que seu autor não era Paulo, mas esta idéia é
contestada por outros. Finalmente foi colocado porque os estudiosos
concluíram que o livro possui profundo valor espiritual.
Nem todas as
cartas de Paulo foram publicadas, mas as que foram são suficientes para o
qualificarem como o mais produtivo autor do Novo Testamento.
Fixação do Cânon
De acordo com F. F. Bruce:
"Os primeiros
passos no sentido da formação de um cânon de livros cristãos havidos como
dotados de autoridade, dignos de figurar ao lado do cânon do Velho
Testamento, a Bíblia do Senhor Jesus e Seus apóstolos, parecem haver sido
tomados por volta do começo do segundo século, época em que há evidência da
circulação de duas coleções de escritos cristãos na Igreja." (Merece
Confiança o Novo Testamento? p. 31).
O quarto século viu a fixação
definitiva do cânon dentro dos limites a que estamos acostumados, tanto no
setor Ocidental como no Oriental da cristandade. Apenas no quarto século é
que o termo cânon passou a designar os escritos sagrados.
Numa carta de Atanásio, a
trigésima nona, do ano 367, dirigida a seus bispos, está uma lista dos livros
da Bíblia, a primeira a conter os 27 livros do Novo Testamento como os temos
hoje. Destes ninguém deveria tirar, nem a eles acrescentar coisa alguma. Esta
carta foi muito importante para as igrejas gregas no Oriente, quanto à
aceitação do cânon, e sua influência logo se fez sentir na Igreja Latina,
pois sabemos que as Igrejas do Oriente e do Ocidente divergiam quanto aos
livros canônicos. Assim o Apocalipse de João era aceito no Ocidente, mas não
no Oriente, Hebreus e Tiago eram aceitos no Oriente, mas não no Ocidente.
Jerônimo e Agostinho acataram a orientação dada por Atanásio.
O cânon apresentado por Atanásio
prevaleceu sobre o de Euzébio de 26 livros e obteve a vitória final daí por
diante.
Os Concílios de Hipona (393) ao
norte da África e o de Cartago (397), ratificaram este cânon, proibindo o uso
de outros livros pelas igrejas, como Didaquê, Pastoral de Hermas e Epístola
de Barnabé.
Foi a Igreja,
que guiada por Deus, formou o cânon, determinando depois de longos debates
que livros deveriam ser rejeitados e que livros deveriam ser recebidos.
Critérios Para
a Canonização
De modo sintético os
critérios usados para a canonicidade foram os seguintes:
1ª)
Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a
leitura do livro, este era julgado pelo próprio conteúdo.
2ª)
Catolicidade do livro. Escrito para todas as pessoas da época. Deveria também
ser conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas as igrejas.
3ª) Coerência
na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de fora.
4ª)
Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor
direto do apóstolo.
Quatro Evangelhos ou Um?
Desde o
fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único
evangelho, por isso, devemos dizer: Evangelho "segundo" São Mateus,
"segundo" São Marcos, "segundo" São Lucas,
"segundo" São João, a fim de bem assinalar que se trata de um único
comunicado aos homens, segundo manifestações diversas.
Livros Não
Introduzidos no Cânon
Até meados do
quarto século alguns livros eram agregados aos demais do Novo Testamento, mas
que posteriormente foram retirados como nos provam manuscritos antigos.
O Códice Sinaítico, mais ou
menos do ano 350 A.D., incluía a Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas,
obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito Alexandrino contém a
Primeira e a Segunda Epistolas de Clemente. A colocação destes escritos é uma
prova de que naqueles idos lhe atribuíam certo grau de canonicidade.
Pela leitura atenta da Bíblia se
conclui da existência de outros livros que se perderam, mas estão mencionados
nos livros canônicos. Dizem os eruditos, que destes pelo menos 16 foram
citados em Josué 10:13; II Samuel 1:18; I Reis 4:32, 33; 11:41; 14:29; II
Reis 1:18; I Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29; 12:15; 20:34; 26:22; Judas 14,
15.
Estes livros foram escritos para
situações especiais, com aplicações locais, e em virtude destas
circunstâncias não foram introduzidos no cânon. Suas mensagens, embora úteis
para necessidades locais, não foram reputadas de transcendental importância
para as gerações futuras.
ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO
VELHO TESTAMENTO
Leroy E. Froom
"A
familiarização com a ordem cronológica dos livros do Velho Testamento é
desejável, a fim de obter um acurado conhecimento do tempo ou colocação do
ministério de cada profeta em relação com os movimentos e crises principais
em Israel, juntamente com os das nações vizinhas.
Segundo as autoridades mais
dignas de confiança, é geralmente aceito que o livro de Jó seja o mais antigo
do Velho Testamento, escrito por volta do ano 1600 A.C.; e Malaquias, o
último dos profetas do Velho Testamento a escrever, ao passo que Neemias
provavelmente escreveu bem pouco antes de Malaquias – mais ou menos em 400
A.C.
JÓ. – "Antes que os
primeiros poetas do mundo houvessem cantado, o pastor de Midiã registrou as .
. . palavras de Deus a Jó." – Educação, pág. 158. A autoria de
Moisés lhe é amplamente atribuída pelos exegetas. Supõe-se ser o mais antigo
dos livros da Bíblia. A composição é inteiramente patriarcal. É inconcebível
que, tratando do pecado, do governo divino e da relação do homem para com
Deus, nenhuma alusão à lei e ao sistema mosaico nele aparecesse, se já estes
houvessem sido dados. Quanto ao tempo, vem cronologicamente depois de Gênesis
11.
Há uniformidade da parte de
todas as autoridades no tocante à ordem dos livros do Pentateuco, chamado
pelos judeus "A Lei" ou "torah", a primeira seção dos
sagrados escritos.
PENTATEUCO. – A autoria
mosaica do Pentateuco é reconhecida por todos os exegetas conservadores.
"O Pentateuco, como obra de Moisés, . . . formou uma divisão do cânon e
em conformidade cronológica ocupou o primeiro lugar na coleção." – Davis.
"Nas cópias do manuscrito, que antecedem a era da imprensa, a ordem dos
livros da Torah . . . é universalmente a mesma:" – Margolis. Assim se
chamavam eles: Gênesis (princípio das coisas); Levítico (Levitas, Sacerdotes,
Leis e Ordenanças); Números (Recenseamento e Peregrinações); e Deuteronômio
(Repetição da Lei).
JOSUÉ. – Primeiro livro
da segunda divisão judaica: "Os profetas" ou Nebilim, os quais, por
sua vez, estão divididos em "Primeiros" (Josué, Juízes, Samuel e
Reis) e "Últimos." "A ordem . . . dos primeiros profetas é
universalmente a mesma." Margolis, pág. 13. "Não há variação na . .
. seqüência de Josué, Juízes, Samuel e Reis." Enciclopédia Judaica, vol.
3, pág. 144.
JUÍZES. – Este livro cita
os nomes dos juízes que se levantaram para livrar a Israel do declínio na
desunião que seguiram à morte de Josué. Registra sete apostasias, sete
servidões a sete nações pagãs, e sete livramentos. Autor desconhecido, mas
possivelmente Samuel.
RUTE. – O tempo dos
eventos é afirmado ser "nos dias em que julgavam os juízes" (cap.
1:1). Deveria ser lido em conexão com a primeira metade de Juízes. A
genealogia termina com Davi. Autor: possivelmente Samuel.
I e II SAMUEL. – No cânon
hebraico os dois são considerados um só. I Samuel 1 a 24, escritos por
Samuel; o restante, provavelmente por Natã e Gade (I Crôn. 29:29). Registam o
estabelecimento do centro político de Israel em Jerusalém (II Sam. 5:6-12) e
o centro religioso em Sião (II Sam. 6:1-17; comparar com o Cap. 5:17). Sião e
Moriá eram eminências distintas. II Samuel marca a restauração da ordem por intermédio
da entronização de Davi como rei. Com Samuel começa notável linha de
profetas-escritores, que continua até Malaquias.
I e II REIS. – Também
considerado outrora um livro em duas partes. Registam os reinados de todos os
reis, de Salomão até o cativeiro. Elias, Eliseu, Jonas, Joel, Amós, Oséias,
Isaías, Miquéias, Obadias, Naum, Jeremias, Sofonias e Habacuque profetizaram
durante esse período. Também aparece dentro desse período um grupo inteiro de
profetas orais. Não se descobre a identidade do autor, possivelmente tenha
sido Jeremias.
I e II CRÔNICAS. –
Semelhantemente, um só e livro no cânon judaico. Conquanto sejam
principalmente uma repetição, suplementam o relato dos Reis, omitindo certos
aspectos, mas apresentando registro mais completo de Judá e, por assim dizer,
nenhuma história de Israel. Supõem muitos haver sido Esdras o compilador. O
livro de Isaías já existia quando estes foram escritos (II Crôn. 32:32).
Provavelmente o último dos livros históricos, com exceção de Esdras, Neemias
e Ester. Fazem uma série de monografias de Natã, Samuel, Gade, Ido, Jeú e
numerosos outros profetas orais. Cumpre observar que os eventos e seu
registro nem sempre são sincrônicos, como no caso de Gênesis e Jó. As
Crônicas são colocadas em último lugar no cânon judaico.
SALMOS. – O nome
significa "louvores". Pertence à terceira seção conhecida entre os
judeus por "Os Escritos" ou kethubhim. Muitos deles têm que ver com
experiências especais ou crises. Vinte e um se referem definidamente a
episódios na história de Israel, desde Moisés até a Restauração. Davi é o
autor da grande maioria, apesar de os títulos no alto dos capítulos
atribuírem salmos a Moisés, Salomão, filhos de Asafe e Etã. Autoridades
declaram que estes títulos são parte integrante dos salmos.
CANTARES DE SALOMÃO. –
"Cânticos" é outro título. Este livro acha-se em todas as listas
antigas. Atribuído a Salomão (Cap. 1:11).
PROVÉRBIOS – Pronunciados e
compilados por Salomão. Ele os colocou em ordem. Os capítulos 25-29 foram
transcritos no tempo de Ezequias. Os capítulos 30 e 31 são, respectivamente,
de Agur e Lemuel.
ECLESIASTES – O nome
significa "O Pregador", Indubitavelmente, foi escrito perto do fim
da vida de Salomão, e trata do problema da vida.
JONAS. – Provavelmente o
primeiro dos profetas "menores" (assim chamados porque seus
escritos são mais curtos do que os dos profetas "maiores", e não
por serem de menor importância, ou por haverem profetizado depois destes).
Viveu e profetizou durante o reinado de Jeroboão II (II Reis 14:25).
JOEL. – Começa a grande
era da composição poética. Um dos primeiros dentre os profetas
"menores". Não existe indicação direta quanto à data. O peso da
evidência haveria de colocá-lo pouco antes do ano 800 A.C. Possivelmente
contemporâneo de Eliseu, e não muito distante do período de Oséias e Amós.
AMÓS – Escrito quando
Uzias era rei de Judá e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Ambos os monarcas
tiveram reinados longos. Limitando sua profecia ao reinado destes reis, a
data mais provável de sua autoria deve ser, aproximadamente, de 780-730 A.C.
OSÉIAS. – Contemporâneo
mais novo de Amós, continuando até depois do cativeiro de Israel. Seu
ministério foi longo. Profetizou no reinado de Uzias, João, Acaz e Ezequias,
de Judá, e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Uzias e Jeroboão foram
contemporâneos por vários anos. Colocado entre os profetas menores em
primeiro lugar, porque seu escrito é um dos maiores.
ISAÍAS – O primeiro dos
profetas "maiores". A visão inaugural data do ano da morte de
Uzias. Seus trabalhos se estenderam através de longo período – cerca de
sessenta anos. Contemporâneo de vários profetas.
MIQUÉIAS. – Contemporâneo
mais novo de Isaías (Cap. 1:1; comparar com Isa. 1:1). Profetizou antes da
queda de Samaria (1:1 e 6; Jer. 26:18), e durante o reinado de Peca e Oséias,
em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias, em Judá,
NAUM. – Profetizou pouco
antes da queda de Nínive, ou apenas bem pouco antes do ano 600 A.D. Relata a
destruição de Nô-Amom (Tebas), ocorrida cerca de meio século antes dessa
data.
SOFONIAS. – Viveu na
primeira parte do reinado de Josias (Cap. 1:1) e foi contemporâneo, em parte,
de Jeremias. Fala da destruição de Nínive como estando no futuro (2:13).
JEREMIAS. – Recebeu o
chamado para profetizar quando ainda jovem, no décimo terceiro ano de Josias
(1: 2), enquanto Sofonias estava proclamando mensagens vibrantes. Durante
anos seus ensinos foram orais; então lhe foi ordenado que escrevesse (36:1 e
2). Trabalhou durante longo período – mais que quarenta anos. Contemporâneo
de Habacuque, Ezequiel e Daniel. Testemunhou o fim de Judá e a queda de
Jerusalém.
LAMENTAÇÕES. – Hinos
fúnebres de Jeremias, quando em meio às ruínas de Jerusalém, e
testemunhando-lhe a subversão, com a alma comovida à vista dessa desolação.
HABACUQUE. – Profetizou
nos últimos anos de Josias, na véspera do cativeiro, isto é, pouco antes de
600 A.C.
EZEQUIEL. – Levado para
Babilônia durante a segunda parte do cativeiro, no reinado de Joaquim (cap.
1:2), pouco depois da deportação de Daniel. Profetizou durante vinte e dois
anos (1:2 e 29:17). Contemporâneo de Jeremias e Daniel.
DANIEL. – Levado para
Babilônia durante o reinado de Jeoaquim (1:1). Profetizou durante o período
do cativeiro. Contemporâneo de Ezequiel e Jeremias. Provavelmente, sua
profecia foi colocada entre "Os Escritos" porque, embora Daniel
tivesse o dom de profecia, não exercia oficialmente o cargo de profeta.
"Em todos os catálogos dos escritos do Velho Testamento, fornecidos
pelos primeiros Pais, até o tempo de Jerônimo, Daniel é classificado entre os
profetas, geralmente na posição que ocupa na versão comum. Na Versão dos
Setenta, também é classificado entre os profetas, depois de Ezequiel. . . . O
lugar designado a Daniel não foi, pois, . . , o que teve no período
precedente ou o que ocupou originalmente." – McClontock e Stong.
OBADIAS. – É difícil
precisar a data: antes ou pouco depois da queda de Jerusalém. As evidências
internas dão preferentemente crédito à última.
ESDRAS – História parcial
da restauração depois do Exílio. Primeiramente unido a Neemias como um só
livro, em duas partes. Cronologicamente, segue pouco depois de Daniel.
Abrange a História desde a queda de Babilônia até 456 A.C., ao passo que
Neemias narra os eventos ocorridos até perto de 432 A.C. Evidentemente, o
cânon foi organizado no tempo de Esdras.
AGEU – Profetizou aos
restantes depois do Exílio, a data exata é o segundo ano de Dario (1:1).
ZACARIAS – Começou logo
depois de Ageu (comparar o Cap. 1:1 com Ageu 1:1), e certamente sobreviveu a
seu contemporâneo. A primeira data que aparece no livro é o segundo ano de
Dario (1:1 e 7); a última, é o quarto ano do reinado do mesmo rei (7:1).
ESTER – Cronologicamente,
o livro segue Esdras 6. Os eventos deram-se no reinado de Xerxes I, entre as
duas expedições. Autor desconhecido.
NEEMIAS – Provavelmente
escreveu pouco antes de Malaquias, seu contemporâneo. Continua e completa o
registro de Esdras. O uso da primeira pessoa denota sua autoria.
MALAQUIAS – O último dos
profetas do Velho Testamento que se dirigiu aos restantes vindos do exílio,
como Neemias é o último dos historiadores desse período. Contemporâneo de
Esdras e Neemias. Profetizou durante a ausência deste último que estava na
Pérsia."
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sexta-feira, agosto 29, 2014
A FORMAÇÃO DO CANON
terça-feira, agosto 26, 2014
PROJETO DE PESQUISA
FACULDADE TEOLÓGICA
BÍBLICA DE ENSINO EVANGÉLICO (Capa)
SEU NOME
TÍTULO/TEMA DA SUA
PESQUISA
SÃO
BERNARDO DO CAMPO
2013
FACULDADE
TEOLÓGICA BÍBLICA DE ENSINO EVANGÉLICO (Folha de Rosto)
SEU
NOME
TÍTULO/TEMA DA SUA
PESQUISA
Projeto de Pesquisa apresentado à Faculdade Teológica
Bíblica de Ensino Evangélico. Como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Teologia.
Apresentado ao Prof°. Ms. Pr.
SÃO
BERNARDO DO CAMPO
2013
PROJETO DE PESQUISA
Chegou
a hora mais complicada que muitos alunos acham e sofrem quando chega este momento
apresentar o projeto de pesquisa a Faculdade. Não podemos encarar com
dificuldade, mas como desafio, a final é o seu projeto de pesquisa que te levará
a final para a conclusão do seu curso.
Procurei contribuir para que você tenha uma
direção certa. Coloquei a capa e a folha de rosto. Isso vai do seu orientador,
se ele quiser ou não é só vocês combinarem. Bom trabalho!
INTRODUÇÃO
O principal objetivo de um científico é
demonstrar que o aluno possui: Conhecimento sobre a bibliografia geral da área
de concentração;
Ø
Conhecimento
da bibliografia específica do tema da pesquisa selecionada;
Ø
Capacidade
de descobrir, selecionar, discutir e criticar os dados mais importantes das
bibliografias estudadas;
Ø
Capacidade
de reorganizar, de forma coerente, os dados utilizados;
Ø Aptidão para expor
com clareza o “estado da arte” do seu campo de pesquisa.
Um projeto de pesquisa requer muito esforço,
o problema é que talvez você nunca tenha elaborado um projeto de pesquisa
científica. Quando o seu projeto estiver pronto você perceberá que contém, no
máximo, 1% de inspiração e, no mínimo 99% de concentração.
Por isso, este texto
tem três objetivos básicos: Ajudá-lo a entender o que é um projeto de pesquisa
científica; Ajudá-lo a avaliar a distância que o separa de seu futuro projeto
de pesquisa; Ajudá-lo a descobrir a melhor maneira de encurtar essa distância.
1 – A ELABORAÇÃO DO PROJETO
O projeto de pesquisa é um plano do trabalho
que se pretende realizar e nele procuramos responder a uma série de perguntas,
tais como: o que iremos fazer, como, quando, onde, dentre outras perguntas. São
as respostas a perguntas como essas que constituem os “ingredientes” básicos de
um projeto.
É importante ter em
mente que os ingredientes e a forma como são ordenados, variam conforme as características
de cada projeto. Os projetos obedecem a seguinte seqüência lógica:
- Capa contendo o
título
- Folha de rosto
- Sumário
- Resumo
- Objetivos
(Gerais e Específicos)
- Justificativa
- Revisão da
literatura (ou da produção científica já acumulada sobre o tema).
- O problema da
pesquisa (ou Gênesis).
- Hipóteses
- Metodologia
- Cronograma
- Bibliografia
O primeiro passo para a elaboração de
um projeto é a escolha do tema. Em geral, sua pretensão inicial deve ser
pragmaticamente reduzida a dimensões adequadas. Quase sempre é necessário ampliar
ou aprofundar as leituras e as pesquisas de campo sobre o assunto para que os
critérios de "corte" comecem a aparecer. Após escolher o tema procure
checar se ele contempla os seguintes critérios:
O tema deve ser do seu interesse,
proporcionando-lhe uma experiência gratificante, além, é claro de contribuir
para o avanço da Ciência o qual se destina. (Pesquisa no campo da Filosofia).
O tema deve ser
adequado, tanto à sua formação, quanto ao tempo, recursos e energia que você
poderá dedicar a essa pesquisa;
O tema deve ser suficientemente documentado.
Isto é, o material bibliográfico pertinente deve ser suficiente, facilmente
identificável, disponível e, sobretudo, deve permitir uma rápida “varredura”.
Vejamos se um exemplo
hipotético ajuda a esclarecer esta questão. Suponha que o assunto de interesse
do aluno seja, por exemplo, “A metodologia do ensino bíblico das parábolas”.
Como esse exemplo sugere, a delimitação do tema pode esbarrar numa tendência
(muito recorrente) de se optar por temas que, por sua extensão e complexidade,
não permitem profundidade. Também é muito comum que o candidato resista à
necessidade de delimitação, com receio de tornar sua pesquisa menos importante
ou menos interessante. Nesse caso é bem provável que perderá muito tempo até se
convencer que a sua opção original era genérica demais para resultar em um bom
projeto de pesquisa.
Após definir o tema o
passo seguinte será a redação do projeto.
Capa e título. Quanto ao título seja claro, objetivo e
direto. Nada de frases quilométricas que mais se assemelham a um parágrafo.
Sumário. É nele que você apresenta os capítulos de
seu trabalho e a numeração das páginas. Muitas vezes o sumário é chamado,
erroneamente, de índice.
Resumo. Descreva, de modo sucinto –
preferencialmente em um parágrafo - do que se trata o seu trabalho, procurando
ater-se apenas às informações essenciais, tais como: o tema, os objetivos, o
problema e a hipótese. É mais fácil redigir o resumo depois que o projeto já
está praticamente pronto.
Objetivo(s). Um projeto de pesquisa deve conter
objetivos gerais e específicos.
Os objetivos gerais estão
relacionados aos resultados mais abrangentes para os quais o projeto pretende
contribuir.
Já os objetivos
específicos devem definir exatamente o que você espera atingir até o final
do trabalho. Obviamente os objetivos estão relacionados ao problema/questão que
motivou a realização do seu trabalho.
Os objetivos
específicos
podem incluir também os produtos que se espera gerar com a execução do
trabalho. Ou ainda, a definição do “público-alvo” do projeto. Quanto maior a
clareza sobre os objetivos específicos, mais fáceis será a execução do
trabalho.
Justificativa. Após apresentar os objetivos do seu projeto
de pesquisa, você deverá mostrar ao leitor por que o seu trabalho é importante.
Qual a relevância do problema ou da questão com a qual você está
trabalhando? Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa
região ou na área temática escolhida? Qual o alcance do projeto diante do
problema que será abordado?
As respostas a estas
perguntas constituem a justificativa.
Revisão da literatura. É a sistematização do conhecimento
científico acumulado sobre o tema específico do seu projeto. Para delimitar o
tema do projeto, o processo de revisão de literatura já foi forçosamente
iniciado.
A diferença é que,
neste tópico do projeto de pesquisa, você deve apresentar um texto bem
articulado e bem concentrado no tema específico que acabou sendo escolhido.
Neste item do projeto, a maior importância
estará na comparação de documentos científicos (artigos, comunicações,
entrevistas, etc.) sobre o tema específico.
E essa comparação deve ser organizada de tal
forma que a posterior formulação do problema seja sua decorrência lógica. Em
outras palavras, não se trata de fazer uma "colcha de retalhos",
emendando citações dos documentos consultados, mas sim de articular idéias que
conduzam à formulação do problema; idéias
estas que deverão estar apoiadas nas referências científicas consultadas.
A pesquisa bibliográfica sobre a qual se
constrói este tópico do projeto de pesquisa não pode deixar de lado nenhuma
obra importante sobre o tema específico. Mas é impossível que consiga ser
exaustiva. Ou seja, a revisão de literatura do projeto de pesquisa será, por
definição, exploratória.
A demonstração de que
o pesquisador não deixou "escapar" nenhum trabalho relevante deverá
ser feita, no devido tempo, durante a elaboração da sua pesquisa. Por melhor
que seja a preparação do projeto de pesquisa, é inevitável que esta ou aquela
referência só seja descoberta na fase posterior (e mais longa) de execução. Ao
mesmo tempo, se uma contribuição científica muito importante sobre o tema
específico da pesquisa não for incluída na revisão de literatura, é bem
provável que a proposta venha a ser considerada "imatura" pelos
avaliadores (ou pareceristas).
Por isso, você estará
correndo um alto risco se construir seu projeto sobre o alicerce de um
levantamento bibliográfico precário, ou feito às pressas.
O problema. Após revisar a literatura você deve identificar
qual o problema ou a questão central do seu projeto, ou seja, em meio ao tema
escolhido, a que questão (ou questões) você pretende responder. Quando a
questão central estiver bastante clara para o autor é quase certo que poderá
ser redigida de forma interrogativa.
Não é uma tarefa
fácil, mas é importante ter sempre em mente que a clara formulação do problema
ou da questão central da pesquisa é fundamental para a estruturação de seu
projeto.
Se o pesquisador não
consegue formular o problema central da pesquisa por meio de uma pergunta bem
direta, o mais provável é que ele tenha feito uma discussão insuficiente da
produção científica já existente sobre aquele tema.
Ou seja, quando o
conhecimento sobre o tema selecionado não foi suficientemente digerido, vários
problemas se superpõem na mente do pesquisador, e suas tentativas de definir o
problema resultam em proposições herméticas, intrincadas e nebulosas.
Um problema bem formulado é mais importante
para o desenvolvimento da ciência do que sua eventual solução. Mesmo que não
solucione, uma investigação pode ter um grande mérito se abrir, ou pavimentar,
um caminho.
Muitas outras
pesquisas o trilharão até que o “mistério” seja desfeito, gerando novas
interrogações. “É precisamente este sentido do problema – diz Bachelard – que
dá a marca do verdadeiro espírito científico”
Hipóteses. As hipóteses são respostas provisórias à
questão central ou ao problema da pesquisa. E é por isso que se diz que elas
funcionam como uma verdadeira bússola para o seu trabalho. Seu desafio, durante
a execução da pesquisa será o de verificar a validade das suas “respostas
provisórias”, seja para confirmá-las ou para refutá-las. A(s) hipótese(s)
deve(m) ser formulada(s) de forma afirmativa.
Vamos supor que o
candidato tenha escolhido o tema “A metodologia do ensino bíblico das
parábolas”.
Após exaustiva revisão da literatura sobre o
tema o candidato formula o seguinte problema:
Qual é o ponto central se entender a
parábola.
Uma hipótese interessante para esta pesquisa
poderia ser:
Muitas pesquisas
sobre parábola não acrescentam muitas coisas por serem superficiais
demais.
Metodologia. Ou procedimentos. É o caminho traçado para
atingir os objetivos do projeto. É muito importante estar atento à coerência lógica
dos procedimentos adotados e a sua relação com os objetivos do projeto. Se os
seus objetivos específicos estiverem claramente definidos será muito mais fácil
elaborar a metodologia de seu projeto.
Prepare-se, portanto, para
passar longos dias em bibliotecas especializadas – e para correr atrás de
pessoas bem informadas sobre o tema. Em princípio, um professor experiente
indicará os principais centros de documentação que deverão ser rastreados, bem
como pesquisadores, autoridades e outros agentes que precisarão ser
entrevistados. Se você subestimar a importância destas tarefas, seu trabalho
exploratório será muito parcial e você pagará um alto preço nas fases
posteriores da investigação. Pode ser muito desagradável descobrir, tarde
demais, um documento que sugere algum tipo de inconsistência na formulação do
projeto. Bem melhor é se prevenir.
quinta-feira, agosto 21, 2014
DEPRESSÃO DE ELIAS
Após Elias ter matado alguns profetas
de Baal, sofreu uma grande perseguição e com medo de perder sua vida perseguida
por uma mulher extremamente má entrou em depressão, não queria mais viver e
pediu a Deus a morte. 1. O rei Acabe
contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia feito e como havia matado à
espada todos os profetas do deus Baal. 2. Aí ela mandou um mensageiro a Elias
com o seguinte recado:– Que os deuses me matem se até amanhã há esta hora eu
não fizer com você o mesmo que você fez com os profetas!3. Elias ficou com medo
e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de Berseba, que
ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante 4. e foi para o deserto,
andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na sombra de uma árvore e teve
vontade de morrer. Então orou assim:– Já chega, ó Senhor Deus! Acaba agora com
a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados.5. Elias se
deitou debaixo da árvore e caiu no sono... (IRs. 19: 1-5).
Quem de nós já não teve pelo menos um
pequeno pico de depressão. Se Elias um dos grandes homens de Deus passou por uma
grande depressão, quanto mais nós simples homens a mercê de tantos infortúnios.
Se você está passando por um dilema, ou por uma crise, cuidado, a depressão
pode se instalar a qualquer momento. Se perceber algo diferente no seu humor e
ânimo procure uma pessoa que possa ajudá-lo a resolver esta dura questão.
Desabafe com alguém que possa ouvi-lo (a).
Considerações sobre a depressão
Seja
qual for o sintoma, a depressão é diferente da tristeza normal ou da simples
desmotivação, interferindo com a sua capacidade de trabalhar, estudar, comer,
dormir e divertir-se. Os sentimentos de desamparo, desesperança, inutilidade
são intensos com pouco ou nenhuma alívio.
O
sentimento de culpa é muito vincado. A depressão interfere com as atividades da
vida diária, tais como trabalhar ou concentrar-se em tarefas, ou mesmo comer e
dormir.
As
pessoas que estão deprimidas podem sentir-se oprimidas e exaustas. Elas podem
deixar de se interessar por assuntos relacionados com a família e amigos. Deixam
de se importar com as suas vidas. A pessoa deixa de acreditar que consegue dar
a volta à situação e por consequência deixa de fazer planos para o futuro.
Alguns indivíduos deprimidos podem chegar a ter pensamentos de morte ou
suicídio.
As
pessoas com doença depressiva (estima-se que 8% das pessoas adultas sofram de
uma doença depressiva em algum período da vida).
O
primeiro passo para se iniciar um tratamento apropriado são os exames físicos e
psicológico com os quais se pode determinar se você tem uma doença depressiva e
de que tipo é essa doença que você adquiriu.
A
segunda coisa mais importante é oferecer-lhe apoio emocional. Isto envolve
compreensão, paciência e encorajamento. Procure conversar com a pessoa
deprimida e escute-a com atenção. Não menospreze os sentimentos expressos,
porém chame a atenção para a realidade e ofereça esperança. Referências a
suicídio são importantes, caso isso ocorra na sua vida. Devem sempre ser
relatadas ao médico.
Convide
a pessoa deprimida para caminhadas, passeios e outras atividades. Insista
delicadamente se seu convite for recusado. Encoraje a participação em
atividades que anteriormente lhe proporcionavam prazer, como passatempos,
esportes, atividades culturais ou religiosas, porém não a force a assumir rapidamente
muita responsabilidade de uma vez. O deprimido necessita de distração e
companhia, porém cobrar demais dele pode piorar-lhe a sensação de fracasso.
Se você não é um profissional, mas um amigo ou um
religioso limite-se a fazer apenas o papel preliminar e não assuma nada de profissionalismo.
Muito menos achar que o que a pessoa está passando é espiritual, ou seja, de
procedência maligna. Cuidado com julgamentos precipitados, esse não é a sua
função e muito menos a solução possa partir de pressupostos. Faça sua parte e
depois encaminhe a pessoas a um profissional competente para que o problema
seja de fato resolvido. Depressão tem cura tanto por quem acredita em Deus, mas
não podemos negar os cuidados médicos.
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