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Assim, chego à minha
conclusão. Nós crentes devemos acreditar em milagres não por causa de todas
essas coisas a que tenho me referido, mas porque acreditamos na Bíblia. O fato
de crermos em Deus torna possível para nós aceitar o miraculoso sem dificuldade
e acreditar que milagres podem acontecer a qualquer momento segundo a vontade e
soberania de Deus. O que tenho tentado dizer é de valor apologético, porém
nunca deve ser a base da nossa fé. Se dissermos: "Ah, sim, agora posso
acreditar em milagres por causa da nova perspectiva científica, e por causa de
uma nova maneira de olhar a saúde e a doença" isso seria para mim uma
contradição da fé cristã. Acreditamos em milagres porque acreditamos nas
Escrituras, mas o que tenho dito deve ser de algum valor e auxílio apologético
para nós, e especialmente da maneira que vou expor a seguir.
Devemos tomar muito cuidado
para não cometer o mesmo erro que a igreja católica romana cometeu no caso de
Copérnico e Galileu. Os líderes dessa igreja rejeitaram os fatos que foram
apresentados por eles, vocês se lembram, porque não concordavam com as teorias
dela. Devemos ter muito cuidado para que não sejamos pegos nesse mesmo ponto, e
para que não recusemos a reconhecer fatos porque nossa teoria os considera
impossíveis. De fato, às vezes tenho tido medo de que nosso dogmatismo nesses
assuntos seja semelhante demais àquele demonstrado pelos comunistas e seu
tratamento de Lysenko. Não devemos proibir quaisquer descobertas somente por
motivos teóricos ou doutrinários. Devemos ter mentes abertas e estar dispostos
a aceitar fatos e a examiná-los.
Ao mesmo tempo, devo
enfatizar que ainda precisamos manter uma saudável atitude crítica e cética
para com tudo que nos é relatado. No entanto, devemos ser críticos de todos os
lados, e não simplesmente de um lado. Devemos ter uma atitude crítica para com
os dogmatismos da ciência, e também para com as alegações muitas vezes
exageradas de certos grupos religiosos. Os próprios cientistas estão assim
fazendo hoje em dia, como já temos visto, portanto não devemos ficar para trás.
Devemos reconhecer e estar cientes de todas as imensas possibilidades que estão
se abrindo. Muitas das antigas e estabelecidas posições dogmáticas dos
cientistas estão sendo questionadas nestes dias, em parte devido a essas
viagens recentes à lua e tais projetos. Tudo é tão maior do que o homem
pensava, as possibilidades são infinitas. Na verdade, o homem sabe tão pouco.
Posto que temos conhecimento em certa área, inclinamo-nos a supor que
conhecemos tudo. Entretanto, não conhecemos tudo. "Probabilidade",
lembrem, é a palavra de hoje, não "determinismo".
Fenômenos não devem determinar crenças
No entanto, e para mim essa é
a descoberta mais importante do ponto de vista teológico, não devemos deixar
que nossa doutrina seja determinada por fenômenos. Esse, parece-me, é o perigo
hoje em dia para muitos bons crentes. Como disse anteriormente, há muitos hoje
que ficam tão impressionados por resultados que estão preparados a abandonar o
que têm sempre acreditado. Espero que eu tenha conseguido mostrar que não há
necessidade para isso. O argumento deles é mais ou menos o seguinte: "Bem,
aqui estão essas coisas que Kathryn Kuhlman, por exemplo, está fazendo. Aqui
estão resultados concretos. Quem sou eu para opor isso? Quem sou eu para crer
no meu modo de pensar e na minha teologia tradicional?" Aí está o erro.
Estão preparados a deixar que seu modo de pensar seja controlado por resultados
e fenômenos.
Posso dizer-lhes minha
resposta para tal raciocínio? Não devemos decidir se é certo uma mulher pregar,
e ser pastora de uma igreja somente por causa dos fenômenos que ela pode produzir.
Ainda é o ensino da Bíblia que determina uma questão desse tipo. Nossa doutrina
em todos os aspectos deve ser determinado pela Bíblia. "Então o que você
diz de todos esses fenômenos, como por exemplo curas e línguas estranhas?"
perguntam-me. Respondo que não tenho nenhuma dificuldade com esses fenômenos.
De maneira alguma afetam minha teologia. Não nego que os relatórios sejam
fatos, qua (como) fatos, que muitos
podem comprovar. Como vimos, há muitos fatores que podem produzir tais curas.
Daí o fato de uma mulher ser capaz de produzir curas não comprova sua alegação
de ser pastora, nem significa que tenho de aceitar tudo que ela ensina. Mas
esse é precisamente o tipo de pensamento que tem prevalecido nestes últimos
anos. Pessoas têm presumido que devido o nome de Cristo ter sido usado numa
reunião, então tudo que acontece aí deve ser verdadeiramente cristão, e é,
portanto, uma garantia da autenticidade de tudo que é ensinado. Para essas
pessoas, os resultados garantem tudo. Conheci boas pessoas que, por causa do
que têm visto em "reuniões de cura", têm abandonado o que acreditavam
anteriormente. Por causa do que aconteceu em certa reunião, essas pessoas têm
se submetido a todo o ensino daqueles que conduziam a reunião.
Há aqueles que têm abraçado o
catolicismo romano, e ainda outros estranhos movimentos religiosos, por essa
mesma razão. Espero que o que tenho dito nos livre de tal modo errôneo de
pensar, fazendo-nos ver que esses fenômenos podem ser explicados adequadamente
de várias outras maneiras. Essas maneiras não precisam nem ser cristãs. Posso
aceitá-las como fatos, mas minha posição dogmática, doutrinária e teológica
permanece invariável. Mesmo assim, preciso recorrer à Bíblia para meus pontos
de vista sobre toda questão de doutrina. ( D. M. Lloyd-Jones).
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